Água fresca... para ideias com sede...

quinta-feira, maio 31

Mulheres e a guerra

Fotografia de Jenny Matthews - Serra Leoa

O número de mulheres que, em todo o mundo, sofre os traumas da guerra é incontável: enviuvam, são detidas, separadas dos seus familiares, tornam-se vítimas da violência e de intimidação, são constantemente deslocadas dos seus lugares de origem. São civis inocentes, apanhadas no fogo cruzado, mas sabem com frequência encontrar os recursos e a força para enfrentar as perdas e a destruição que afectam as suas vidas.
Mas há também mulheres que participam activamente na guerra como combatentes. Assim, devem merecer o mesmo respeito que os homens, no caso de serem capturadas ou feridas.

terça-feira, maio 29

PATRICE LUMUMBA

Lumumba foi o primeiro Primeiro Ministro da República do Congo. Nasceu em 2.07.1925, em Sancuru, província de Kasai. Estudou em colégios de missionários católicos e protestantes e posteriormente trabalhou no correio, iniciando suas actividades políticas que visavam a libertação do Congo do colonialismo belga. Percebeu que para isso seria necessário suplantar as diferenças tribais entre as populações negras do Congo. Junto a correlegionários, escreveu uma declaração defendendo a imediata independência do país. Em 1958 fundou o MNC – Movimento Nacional Congolês. Ao contrário de outros partidos, defendia a independência de todo o país e a união de todos os congoleses, independentemente de suas origens tribais. O governo belga e as multinacionais que exploravam as riquezas do país e mantinham seu poder através de violenta repressão, tiveram de lidar com frequentes revoltas populares e a condenação da opinião pública internacional até quando entenderam que não seria mais possível manter o controle sobre o país africano. Após vários aprisionamentos e longas perseguições a Lumumba, visto como um líder radical pelo governo belga, este aceitou negociar. Nas eleições de meio de 1960, o MNC venceu e Lumumba tornou-se Primeiro Ministro, levando a nação congolesa à independência em 30 de Junho. Lumumba buscou externamente um governo de não-alinhamento e internamente buscou promover mudanças na vida social e económica do povo, vítima da exploração belga e das elites tribais locais. Isso provocou a reacção destas que, com o apoio da CIA – governo Eisenhower – e do governo belga,levaram à sua destituição do cargo pelo Presidente Joseph Kasavubu, cuja autoridade para isso foi contestada por Lumumba. O golpe levou ao assassinato de Lumumba na passagem de 17 para 18 de Janeiro de 1961, em Elisabethville, após uma tentativa de fuga frustrada e prolongadas sessões de tortura. O governo foi parar nas mãos de Mobutu Sese Seko, que estabeleceu uma ditadura corrupta e sanguinária que levou o país de volta à submissão à Europa e aos EUA. A vida de Lumumba é um exemplo para todos brasileiros de como governos estrangeiros e imperialistas podem utilizar tribos nativas e suas diferenças culturais para minar o poder de governos de união e integração nacional.

domingo, maio 27

Moringues (30)

terça-feira, maio 22

Luandino em conversa

José Luandino Vieira (18/05/2007)

Não conhecia Luandino a não ser dos seus livros, cujas páginas devorei, numa mistura de recordação e curiosidade. "Ouvindo" palavras que me soavam tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes...
Admirando a "vida" que empresta à sua linguagem, encontrei-me à frente de uma personagem fascinante, numa conversa franca em que deu a conhecer aos presentes uma vida de luta pelos ideais, uma tranquilidade que se vai aprendendo com os mais velhos, os valores da liberdade e da justiça.
Quero crer que foi uma lição de vida aos mais novos presentes. Para os outros, o reconhecimento de que as utopias não morrem e que o nosso mundo pode mudar se nós próprios fizermos todos os dias algo para o melhorar.
Foi muito bom ter ouvido Luandino; melhor ainda quando voltar a encontrá-lo.

sexta-feira, maio 18

MODIBO KEITA

Modibo Keita nasceu a 4 de Junho de 1915, em Bamako, Mali, e morreu a 16 de Maio de 1977, em Bamako. Presidente de Malí (1960-68).
Considerado como um anticolonialista perigoso pelos franceses que o prenderam em 1946. Dois anos depois ganhou um lugar na Assembleia Territorial e em meados dos anos 50 foi eleito deputado da Assembleia Nacional Francesa.
Em 1958 num referendo em que as colónias francesas de África tiveram que escolher entre a autonomia na Comunidade Francesa ou a independência imediata, Keita luta pela independência com êxito. Mas a Comunidade Francesa só chega a formar-se com a participação do Mali, Senegal e Sudão.
Modibo Keita é eleito Primeiro Ministro da Federação da Comunidade mas esta união durou pouco tempo por não haver acordo sobre a estrutura política da Federação e os países tornam-se independentes, tornado-se Keita no Presidente do Mali.

A 19 de Novembro de 1968 foi derrubado por um golpe de estado militar. Passou o resto da sua vida exilado.

quinta-feira, maio 17

STEVE BIKO


Stephen Bantu Biko (18 de Dezembro de 1946 - 12 de Setembro de 1977) foi um conhecido activista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960.
Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students((en))), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention).
Em Março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido", o que significava que Biko estava proibido de comunicar com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais.
Em 6 de Setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de Setembro, foi embarcado num veículo policial e transportado para outra prisão. Biko morreu durante o trajecto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".
Em 7 de Outubro de 2003, autoridades do Ministério Público Sul-africano anunciaram que os cinco policiais envolvidos no assassinato de Biko não seriam processados, devido a falta de provas. Alegaram também que a acusação de assassinato não se sustentaria por não haver testemunhas dos actos supostamente cometidos contra Biko. Levou-se em consideração a possibilidade de acusar os envolvidos por Lesão Corporal seguida de morte, mas como os factos ocorreram em 1977, tal crime teria caducado (não seria mais passível de processo criminal) segundo as leis do país.

quarta-feira, maio 16

Moringues (29)

AHMED BEN BELLA


Mohamed Ahmed Ben Bella (Árabe: احمد بن بل) (nasceu a 25 de Dezembro de 1918, Maghnia, Argélia). Foi o primeiro presidente da Argélia e principal líder da guerra da Argélia pela independência em relação à França, Ben Bella terá nascido, provavelmente, em 1918.
O processo político decisivo para a independência do país teve início em 1954, embora Ben Bella e outros já se encontrassem empenhados nesse objectivo desde há vários anos. Naquela data, Ben Bella e os líderes nacionalistas argelinos residentes no Egipto encontraram-se secretamente na Suíça, onde criaram o movimento Frente de Libertação Nacional e decidiram realizar uma insurreição contra os colonos e militares franceses.
Em 1956, Ben Bella foi preso pelas autoridades militares francesas, depois de ter escapado com vida, nesse mesmo ano, a dois atentados, um no Cairo e outro em Trípoli. Foi posto em liberdade em 1962, ano da independência. Em 1963 o país encontrava-se numa situação grave e Ben Bella foi eleito, sem oposição, para a presidência da Argélia, com uma imensa maioria. Restabeleceu a ordem no território, operou um conjunto de nacionalizações e implementou uma reforma agrária, encaminhando o país para uma economia socialista. Ben Bella foi o primeiro chefe de Governo e o primeiro presidente eleito (1963-1965) da República da Argélia.
Em 1965 foi deposto, na sequência de um golpe de Estado. Passou dez anos no exílio e regressou ao seu país em 1990, quando a Frente de Salvação Islâmica (FSI) estava no poder. Ben Bella conseguiu o apoio de seis partidos políticos e, um ano depois, convocou eleições. Mesmo com a realização de comícios, o seu partido não conseguiu triunfar perdendo as eleições de 1991 para a Frente de Salvação Islâmica.

terça-feira, maio 15

FMI - José Mário Branco






Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!


FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

José Mário Branco - FMI

Nota: FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho). Aconselha-se vivamente a sua audição. Webmaster: franciscojmleitao@hotmail.com (08/2002)


Site original aqui
Pode escutar aqui ou na Rádio Vila Morena aqui n'O-Moringue

sábado, maio 12

Moringues (28)

quinta-feira, maio 10

UMA EXPERIÊNCIA ORGÁSTICA

Mas quem é que me manda ler! Li e tornei a ler e entendi a frustração dos homens. Coitados!
Katrina Caslake achou o parto divino, até mesmo orgástico. Uma experiência muito sensual. Esta enfermeira deu à luz, sem epidural, os seus dois filhos, hoje com 17 e 18 anos. "Todas as minhas zonas erógenas estavam estimuladas. Dava gritos muito próximos dos do orgasmo. Estava a viver o que de mais feminino pode ser dado a uma mulher, e foi fantástico".
As mesmas recordações tem Frederika Deera. "Aquela experiência encheu-me de uma euforia incrível. Era o nirvana".
No Birth Center, sul de Londres, é aconselhado vivamente o parto sensual. "Se os casais concordarem, praticamos massagens dos mamilos e do clitóris para provocar as contracções, favorecer a abertura do colo do útero e da vagina e contribuir para aliviar a dor e transformar o parto num momento de prazer até ao êxtase". Ali são descritas, em pormenor, fantasias das mulheres, em trabalho de parto, as quais descrevem o romantismo e as relações sexuais como "vagas de prazer" e "orgasmos cósmicos" na altura do parto.
Agora entendo eu o prazer dos benfiquistas quando, aos domingos, vão dar à luz! E o recalcamento dos homens por não terem orgasmo, só possuírem ADSE!
Descubram o vosso ponto G e deixem de pensar que vos consideramos perversas ou anómalas só porque admitem que têm sensações sensuais e sexuais durante o parto. Cada vez gosto mais das mulheres porque não têm medo de libertar os afectos e os prazeres.

quarta-feira, maio 9

IDRISS I


Idris I (12 de Março de 189025 de Maio de 1983), nascido como Sidi Muhammad Idris al-Mahdi al-Senussi, foi o primeiro rei da Líbia, desde a sua independência, em 24 de Dezembro de 1951 até 1 de Setembro de 1969, quando se deu a revolução líbia e consequente queda de seu governo.
A Líbia havia sido colonizada pela Itália, que tinha a pretensão de "fechar" um "portão aquático" no mar Mediterrâneo entre o mediterrâneo ocidental e o mediterrâneo oriental, tendo seus eixos entre a Itália e a Líbia. Em 24 de Dezembro de 1951, a Líbia declara independência perante a Itália e constitui um reino, tendo Idris I como rei.
Já na década de 1960, Idris I licencia-se do trono líbio para cuidar de problemas de saúde, indo fazer tratamentos na Grécia e no Egipto. Em seu lugar, como rei-em-exercício, seu sobrinho, Príncipe Ridah o substitui. Em 1 de Setembro de 1969 ocorre a revolução líbia, tendo como líder, Al Magrabhi e posteriormente Muammar Al Qadhafi, que instala o golpe de estado e depõe o regime monárquico de quase 18 anos.
O rei deposto exila-se no Egipto, onde recebeu apoio do ex-presidente Anwar Sadat, e onde passa o resto de seus dias.

Moringues (27)

terça-feira, maio 8

ABDEL KRIM

Marrocos situa-se num território colonizado por navegadores de origem fenícia por volta de 1.100 a.C., Romanos, vândalos, visigodos e bizantinos dominam sucessivamente a área. Os árabes muçulmanos conquistam Marrocos no século VII da Era Cristã e, através dela, alcançam a Espanha.
O fácil acesso e as riquezas naturais do Marrocos aguçam a cobiça dos portugueses, que procuram estabelecer-se na costa atlântica do país no século XV.

Seguem-se os franceses, em 1530. Mulay Ismail, o mais célebre sultão marroquino, reconquista, no início do século XVIII, quase todas as cidades tomadas pelos europeus. Mas a França afirma seu domínio sobre a região no final do século XIX. Em 1912, pela Conferência de Fez, Marrocos torna-se oficialmente protectorado francês, enquanto a Espanha adquire o controle da região sudoeste do território (Saará Espanhol).

Agitações nacionalistas e levantes tribais ameaçam o poder franco-espanhol nas décadas de 20 e 30. Abdel Krim, líder dos berberes, chega a proclamar uma República das Tribos Confederadas e recebe ajuda da Terceira Internacional (comunista).

Um contingente de 40 batalhões franceses, com a ajuda de tropas espanholas, força Abdel Krim a capitular, em Maio de 1926. No curso da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), com a França ocupada pelos alemães, surge, em Dezembro de 1943, o Partido da Independência (Istiqlal), de perfil moderado, que passa a liderar o movimento nacionalista marroquino, com apoio dos EUA.

MUHAMMAD V


As palavras rei, realeza, reino ou reinado, soam aos nossos ouvidos, especialmente nós, os mais velhos, num misto de saudosismo lírico e capitalismo de luxo.
Quem, entre os da geração "vovô", e até da geração "papai" mais antiga, não se emocionou profundamente com as historias da carochinha, contadas pelos nossos maiores...
"Era uma vez, em um reinado distante, um rico e poderoso rei..."
A criançada das décadas de trinta e quarenta se deliciava com aquelas histórias que as transportava para os mundos impossíveis da fantasia.
Pois bem! ainda existem reinados assim.
Marrocos é o testemunho real dessa realeza com fundo de verdade, retirada das histórias das mil e uma noites e colocada entre o Gibraltar, o estreito que separa a África da Europa e que teria sido aberto pelos poderosos braços de Hércules - o gigante mitológico -, os Montes Atlas onde o poderoso gigante desse nome segurava a Terra nos primórdios da criação, e o tenebroso deserto do Saará palco de muitas fábulas e contos misteriosos...
Situado na região setentrional da África, compõe com a Argélia e a Tunísia o chamado Magrebe, nome que quer dizer "lugar onde o Sol se deita..."
A população desse país de mil e uma noites é de cerca de vinte e oito milhões de habitantes, composta de árabes marroquinos, beduínos (habitantes do deserto: berberes e tuaregues), mouros judeus, negros e europeus.
A religião islamita é reverenciada por cerca de 98% dos habitantes, todos da linha sunita ortodoxa. E nesse país fala-se vários dialectos do deserto, o árabe e a língua francesa...
A capital do Reino é Rabat onde está construído o suntuoso palácio real e vivem príncipes e princesas, e toda uma corte, como nos reinos de fadas, com seus pajens, fidalgos e nobres, onde não faltam formosas odaliscas para servirem e encantar a vida do Rei.
Para o ocidental recém chegado de outros continentes, somente falta ali Ali Babá e Aladim com sua "lâmpada" maravilhosa...
Os registos históricos falam da colonização pelos fenícios no primeiro milênio antes de Cristo. E sabe-se que foi uma colónia da lendária cidade de Cartago.
Esteve sob o domínio do Império Romano no início de nossa Era, dos árabes no século VII, dos portugueses no século XV.
Depois vieram os franceses que foram expulsos pelo lendário líder, o Sultão Mulay Ismail no século XVIII. No século XIX os franceses voltaram a se instalar no Marrocos, dividindo com os espanhóis o seu território.
Em 1930 o líder berbere Abdel Krim tenta libertar os seus pais do jugo estrangeiro, tendo mesmo proclamado a independência do país. Mas foi em seguida preso e exilado.
Modernamente a historia do Reino do Marrocos começou em 1947, sob a liderança do Sultão Sidi Muhammad, liderando uma rebelião que embora não sendo bem sucedida deixou, entretanto, na alma do povo o sentimento libertário.
Em 1955 Sidi Muhammad volta triunfalmente, assume a liderança do país e dois anos após proclama-se Rei do Marrocos sob o nome de Muhammad V.
Governou com austeridade e sabedoria, aproveitando os ensinamentos recebidos dos antigos colonizadores, aos quais se aliou para construir o progresso de sua nação.
Com sua morte, em 1961, o príncipe Hassan sobe ao trono com o nome de Hassan II.
Estadista lúcido, político habilidoso conseguiu construir no país um equilíbrio político a fim de promover a estabilidade equidistante entre o chamado mundo árabe e o Ocidente. Essa política de neutralidade resultou proveitosa incrementando a indústria e o comércio, desenvolvendo uma política internacional inteligente, melhorando o comércio exterior e um crescente turismo gerador de divisas...
Culto, promoveu o progresso das ciências, entre outros eventos no Instituto Pasteur de Casablanca, sob a direcção do competente cientista Dr. Abdala Benslimane
O progresso científico do Marrocos desenvolveu uma ciência médica bem avançada como se pode observar na criação do Instituto de Cirurgia Plástica Dr. Fahd Benslimane, o mais importante do país, rivalizando com seus congéneres da vizinha Europa...
Grande estadista, administrou com sabedoria o progresso de seu país, construiu estradas, criou riquezas, plantou trigo no deserto e construiu fábricas, explorou minérios e petróleo e justificou e aumentou em muito o esplendor desse encantado reino de mil e uma noites....
Em Julho de 1999 morreu o magnífico rei Hassan II após um reinado que durou cerca de 38 anos..
O sumptuoso enterro de Sua Majestade raramente teria sido igualado em nosso planeta. Mais de dois milhões de marroquinos prantearam a morte de seu Rei.
As orações dos ímãs subiram pelos minaretes das mesquitas de todo o país e ecoaram pelas ruas de Rabat, Casablanca, Marraquexe, Fez e todas as cidades do Reino e nas tortuosas ruelas das medinas, dentro e fora das ciclópicas muralhas das casbah, e até nos oásis distantes do deserto do Saará, muito além das muralhas naturais dos Montes Atlas...

A sumptuosa Mesquita do Rei Hassan II, debruçada sobre o Atlântico, em Casablanca, chorou no ritual da entrega a Alá da alma do grande Monarca...
Sobe ao trono o príncipe herdeiro, o filho mais velho de Hassan, Sidi Muhammad, cujo nome reverenciava o avô, com o nome de Muhammad VI...
Mais uma vez o Gibraltar e suas rochas olímpicas, os Montes Atlas e o deserto do Saará contemplam mais um capítulo da história desse fascinante país de mil e uma noites...
E nós que acompanhamos a heróica história desse povo valoroso, comemos do cuzcus com carne de carneiro em suas tigelas, caminhamos sobre os orgulhosos beduínos, ficamos rogando a Alá que abençoe o novo monarca, sua Majestade Muhammad VI.
Com certeza Sua Majestade tem um grande destino a ser cumprido, não somente no governo de seu povo, mas também na liderança geral dos povos árabes, repercutindo sua influência no destino de outras nações do chamado Primeiro mundo...
Tenho convicções de que esse incrível país não é apenas um Reino de Mil e uma noites... mas sim, uma poderosa nação.

segunda-feira, maio 7

DOCE VENENO

Juro que li! Não inventei mesmo nada. 150 milhões de homens sofrem de disfunção eréctil em todo o mundo. Só nos EUA (logo vi!) contam-se 18 milhões. 600 mil portugueses são afectados pela impotência sexual. 50% dos homens entre os 40 e os 70 anos de idade têm probabilidade de sofrerem de impotência. Um terço dos homens com disfunção eréctil recusa tratar-se.
Mas descoberta das descobertas! Não, não foi o Cão que chegou outra vez ao rio Zaire! Uma aranha brasileira, Phoneutria nigriventer, cuja picada é venenosa, é a nova esperança para os homens. O seu veneno provoca erecções prolongadas e actua a nível do cérebro, onde o sexo começa ou bloqueia. Estudos recentes referem que esta picada supera o Viagra. A descoberta surgiu por acaso. As vítimas masculinas da Phoneutria relataram aos médicos, com algum embaraço, para além de alguma dor e da subida da tensão arterial, erecções prolongadas, um pau rijo pra caraças, uma tesão dos diabos, que duraram horas.
Depois ainda há quem nos queira impingir o Aloé vera! Esta é que é a pílula da felicidade e até já há quem queira mudar o nome da aranha para Phodatra Atéaoventre. Machões, vamos lá cambada, boas picadas.

Moringues (26)

Política da Língua Portuguesa em discussão

Aguiar e Silva, professor catedrático aposentado e ex-vice reitor da Universidade do Minho, que se notabilizou no ensino da literatura portuguesa, mas que o grande público sempre identificará como autor da Teoria da Literatura (1967, com sucessivas actualizações e inúmeras traduções), alertou no sábado, dia 5, os participantes no Colóquio "A Política da Língua Portuguesa", promovido pelo Centro de Estudos Lusíadas da Universidade do Minho, para o abandono a que encontra votada a política internacional da língua portuguesa.
Na conferência de abertura do referido Colóquio, o Professor Vítor Aguiar e Silva defendeu a adopção com urgência de uma política de publicação de gramáticas e dicionários a preços acessíveis e a "harmonização de divergências" linguísticas, à semelhança do que os nossos vizinhos espanhóis têm vindo a fazer no seio da comunidade hispânica.
Segundo este antigo docente, Portugal deveria tomar a iniciativa de, em conjunto com o Brasil - o país com mais peso na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) -, criar, em consonância com os outros países de expressão portuguesa, mecanismos que coloquem a língua portuguesa no centro das atenções da referida Comunidade.
A dotação dos meios indispensáveis, jurídicos e financeiros, para a efectivação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, criado em 1989, em São Luís do Maranhão, deveria transformar-se em prioridade, principalmente no que concerne às terminologias científicas e técnicas dos vários países.
Ainda no que se refere ao tão apregoado "Acordo Ortográfico", Aguiar e Silva é de opinião que este só trará benefícios marginais, no quadro da política internacional da língua, acrescentando que "os custos nos sistemas escolares e no mundo da edição podem ser pesadíssimos".
Considerou ainda que é imperioso que o Ministério da Cultura entre em negociações com grandes editoras portuguesas e brasileiras para a publicação de uma biblioteca básica, onde figurem os autores clássicos dos países da CPLP; que o Instituto Camões seja dotado de um orçamento condigno, à semelhança Instituto Cervantes, espanhol.

Nota pessoal: Sendo a prática continuada da leitura um elemento importante no desenvolvimento das gerações jovens, torna-se imperativo um apoio mais efectivo à edição e publicação de livros a preços mais acessíveis e que as bibliotecas se transformem cada vez mais em locais que cativem o público.

domingo, maio 6

MEMORIAL DO HOLOCAUSTO

Esta foi a imagem que eu tive do Memorial ao Holocausto, em Novembro de 2006. Numa cidade extraordinária, Berlim. Simplesmente notável, asfixiante, deprimente, emocional, mas também solidária, cheia de força, recordativa e afirmativa de dizer nunca mais. Assim também vejo as cidades por onde vou passando. Berlim está-me na memória e tenho saudades.

HOUARI BOUMEDIENNE

Houari Boumedienne
(Presidente argelino de 1965 a 1978)
23-8-1927, Guelma, Bône
27-12-1978, Argel



Durante seus anos de estudante no Cairo e em Tunes, Boumedienne, cujo verdadeiro nome é Mohammed Boukharouba, juntou-se ao líder do movimento argelino de libertação Ahmed Ben Bella e, a partir de 1955, lutou nas fileiras da Frente Nacional de Libertação (FNL) contra a França. Como chefe do Estado-maior do governo no exílio, desde 1960, ajudou Ben Bella a subir ao poder em 1962, embora três anos mais tarde, em 1965, o tenha derrubado. Boumedienne dirigiu o país como presidente do Conselho Revolucionário e, a partir de 1977, como presidente da República. Neste cargo, prosseguiu com a política socialista iniciada por Ben Bella e financiou sua ambiciosa política de industrialização com exportações de gás e de petróleo. No seio dos Países Não Alinhados (Grupo dos 77) e nas Nações Unidas, Boumedienne assumiu-se como representante de uma nova relação Norte-Sul, baseada numa maior consciência de si próprios dos países em vias de desenvolvimento. Com Boumedienne, normalizaram-se gradualmente as relações entre a França e sua antiga colónia, embora seu decidido apoio à Frente Polisário de Libertação da antiga colônia espanhola do Saara tenha feito deteriorar as relações com o reino de Marrocos. Com sua morte, sucedeu-lhe Chadli Bendjedid no cargo de presidente.

sábado, maio 5

Lembrar é preciso...

Um homem trabalha entre alguns dos 2711 blocos de granito do Memorial do Holocausto, no centro de Berlim.
Idealizado pelo arquiteto americano Peter Eisenman, o memorial recorda os 6 milhões de Judeus mortos pelos nazis durante a IIª Guerra Mundial.
Veja uma descrição deste memorial aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, maio 4

Moringues (25)

Lições de vida

quinta-feira, maio 3

Será que até no Zoo se vê a preto-e-branco?

Knut, um ursinho polar, brinca com o seu tratador, no Jardim Zoológico de Berlim.

O ursinho Ernst é vizinho do ursinho polar, no mesmo Zoológico.
Mas, enquanto os visitantes se acotovelam para tirar uma foto a Knut, que sobreviveu à rejeição materna e se transformou num fenómeno de marketing na Alemanha, este só chama a atenção de uns poucos visitantes.

É caso para dizer: "E eu?"

quarta-feira, maio 2

ALIMENTOS

Há vários tipos de alimentos, absolutamente necessários para que a vida seja saudável.
Podemos estabelecer como primordiais os hidratos de carbono, as proteínas, as gorduras, uma pitada de minerais e vitaminas e com pouco mais estamos a trtar correctamente da saúde.
No entanto, melhor do que isso é um encontro com tudo isso e uma carrada de amigos. Uns já conhecidos, outros novinhos em folha.
Isso alimenta uma parte importante de nós: a alma.
Gostei muito. Felizmente vamos repetir.
Um abraço

GED

O que não li no Diário de Notícias...

... mas mão amiga fez o favor de me enviar por e-mail:

Dois anos antes do ataque às Torres Gémeas, eu estava no sopé delas, num gabinete, a ser puxado pelas orelhas. Um rapariga mestiça, até aí gentil, enxofrou-se quando eu disse a palavra slaves (escravos): "Não diga isso, diga enslaved people [pessoas escravizadas]". E explicou-me, dedo em riste, que o termo slaves fazia supor que as pessoas aceitavam essa condição, ao contrário da alternativa dela que mostrava que a condição lhes era imposta.

Eu procurava documentação sobre os primeiros negros de Nova Iorque, que foram angolanos. Estes eram homens livres (daí escravo ter vindo à baila), agricultores na cidade que ainda se chamava Nova Amesterdão, a documentação era escassíssima e o essencial estava naquele gabinete. Não quis indispor a dona da casa, mas ainda disse que via mal que a palavra escravo escondesse a verdade. Ela olhou para mim e rematou: "Você não pode entender." Eu, pessoalmente, confesso que não posso entender a extensão daquela dor que era ser escravo. Talvez possa imaginar, mas sem livros nem filmes não vou longe. Porém, a mestiça não falava para mim, falava ao caucasiano, como na América se chama aos pálidos como eu. E o que a levava a pensar que o pálido fosse desprovido de escravos na família? Sou um simples Fernandes, portanto filho de um qualquer Fernando, com a dose normal de servos que coube aos transmontanos. E provavelmente com cativos, como acontecia aos europeus do Sul, escravizados pelos corsários argelinos ainda no séc. XIX. Ser branco não traz imunidade em escravidão. Aliás, o termo em discussão, aquele slave inglês, é revelador. Vem de eslavo - os branquíssimos que os morenos romanos preferiam para servos.

Eu não podia entender, disse a minha mestiça, como se ela pudesse. Quando ela, na lógica epidérmica dela, só parte dela podia entender - a negra, presumo. Caridoso, fiz-lhe o favor de não lhe contar, eu que estava ali para procurar dados sobre angolanos da América, que a casa mais imponente da capital desse país de onde eles vieram era o Palácio da D. Ana Mulata. A mais rica de Luanda, à custa da escravidão.

Isto de culpas históricas faz-me lembrar, para não fugir das Torres Gémeas, a Al-Qaeda: Espanha deve pagar por ter expulsado os árabes em 1492, do Al-Andalus. E como devem reagir os filhos dos godos, corridos a golpes de cimitarra por esses mesmo árabes, em 711? Invasores e invadidos, não há virgens na História. Se Jorge Sampaio me permite uma sugestão, agora que está no diálogo entre civilizações, deveria tentar abolir uma palavra, quando colocada no contexto colectivo. A palavra é arrependimento. É uma palavra pessoal. Só.

Ferreira Fernandes, jornalista do DN

PS - Ver este post e este

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