Água fresca... para ideias com sede...

domingo, janeiro 27

Afrikya - Encruzilhadas de um continente

Todos os domingos, das 09 horas até às 10 horas o Afrikya é emitido em Luanda nos 95.5 em FM, o espaço em modulação de frequência da LAC (Luanda Antena Comercial).




No entanto o Afrikya vem de longe, com a dupla Luzía Fanconny e António dos Santos, o continente africano é prescrutado sonoramente através das suas musicalidades, dos seus pensadores, sempre a passo com a premência da actualidade que um continente desta dimensão não deixa de urgir.



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segunda-feira, janeiro 21

Retrospectiva dedicada a Jorge António, em Luanda

O Instituto Camões / Centro Cultural Português e o Instituto Angolano de Cinema, Audiovisual e Multimedia (IACAM) têm a honra de convidar V. Exa a assistir ao programa da Retrospectiva do cineasta português Jorge António, entre 21 e 25 de Janeiro no Auditório Pepetela, Centro Cultural Português de Luanda.

Jorge António com Tony Amado - Rodagem de "Kuduro, fogo no museke"

PROGRAMA
  • Segunda, dia 21, 18.30 - A Utopia do Padre Himalaya (2004) - Ciência

  • Terca, dia 22, 18.30 - O Miradouro da Lua (1993) - Ficção

  • Quarta, dia 23, 18.30 - Angola. Historias da musica popular (2005) - Música

  • Quinta, dia 24, 18.30 - Kuduro, fogo no museke (2007) - Música

  • Sexta, dia 25, 18.30 - Outras Frases (2003) - Dança

- ENTRADA LIVRE -

Ler também aqui.
Via Às vezes (des)organizo-me em palavras...

sexta-feira, janeiro 11

TRAJE DE GALA

Carlos Edu Bernardes

Visto uma gravata de espelho
Para que você se veja inteira
Dentro do meu peito









quarta-feira, janeiro 2

Concertos de ano novo em Viena

Este foi o de 2007, a Orquestra de Viena, dirigida pelo prestigiado maestro Zubin Mehta, com a célebre marcha Radetzky, de Johann Strauss:


Este o de 2008, dirigido por Georges Prêtre:

O MEU PAÍS

Um amigo meu, diz que o que faz mal não é o que se come entre o Natal e o Ano Novo. O que faz verdadeiramente mal é o que se come entre o Ano Novo e o Natal.
Vem isto a propósito das tão faladas, badaladas, mediatizadas operações de Natal e Ano Novo, para diminuir a mortalidade nas estradas.
No fim, com um ar jovial ou pesaroso vêm dizer-nos que morreu menos ou mais gente ( um ou dois), nas estradas durante este período. Os dados desde o início que estão inquinados, pois dos feridos graves ninguém mais ouvirá falar, mas não é disso que aqui se trata.
Vão ao nosso dinheiro, gastam milhões a preparar as ditas operações, dizem umas quantas coisas na televisão, durante meia dúzia de dias andam por aí e, o resto do ano é o que se vê.
Aquilo que deveria ser o trabalho normal, diário, disciplinador dos condutores em Portugal, torna-se motivo pontual para apresentar serviço.
É como se todo o povo português que trabalha, decidisse fazer os mínimos durante todo o ano e, nestas alturas vir mostrar mais um pouco de serviço.
A única coisa que eu ainda não entendo, tem a ver com o facto de ninguém protestar pelo actual estado de coisas. Há comissões de utentes para tudo, até para pagar menos portagens. Mas, ninguém se incomoda com este desaforo.
Não se preocupem, que para o ano há mais. E se este ano morreram dezasseis, verão que no próximo ano, ou são quinze ou são dezassete.

GED


terça-feira, janeiro 1

Ano Novo

Feliz Ano Novo aos que tiveram perdas no ano velho e ainda assim recolhem pedras em suas aljavas. Aos colecionadores de afetos que jamais permitem que suas lagartas se transmutem em borboletas. Aos cínicos repletos de palavras sem raízes no coração.

Feliz Ano Novo às bordadeiras de emoções, que gastam a vida desfiando intrigas e agulhando a boa fama alheia. Aos cépticos desprovidos de horizontes e aos que debruçam sobre a própria solidão para contemplar abismos. Aos ressuscitadores de desgraças, aos que se escondem em seus sapatos e aos idólatras que cultuam os poderosos.

Feliz Ano Novo aos que asfixiam a criança de si e aos que se fantasiam de palhaço para camuflar tristezas. Aos que gastam a vida contando dinheiro, sempre em débito com o amor. Aos que acumulam bens e desperdiçam virtudes, ajuntam poder e semeiam mágoas, galgam a fama e pisam em sentimentos.

Feliz Ano Novo aos sonegadores de esperança e aos que crêem apenas nos valores da Bolsa. Aos mancos de bondade, cegos de utopia, ébrios de ambições e medrosos perante a ousadia de viver. Aos que têm asas e não sabem voar, são águias e ciscam como galinhas, guardam em si um tigre e miam como gatos.

Feliz Ano Novo aos que se agasalham com gelos e jamais dão ouvidos à sabedoria do fogo.

Aos que alugam a própria dignidade e se revestem da ideologia do consenso. Aos que escondem montanhas debaixo da cama, congelam estrelas no bolso e torcem o arco-íris até sangrar.

Feliz Ano Novo aos que exibem no pedestal de sua mente o próprio corpo, jejuam por razões estéticas e mendigam aos olhos alheios a moeda falsa da admiração convencional. Aos que ficam inebriados diante da paisagem televisiva e, como Carolina, vêem o mundo passar pela janela. Aos que proferem palavras furtivas, segredam mentiras, sonham com elefantes de papel e tentam fugir da própria sombra.

Feliz Ano Novo aos voluntários da servidão, aos que amam amar amores e desamores alheios e nunca experimentam o êxtase de uma paixão inefável. Aos crentes desprovidos de fé, aos políticos vazios de senso cívico, aos democratas que engraxam botas e dormem ao som de cometas.

Feliz Ano Novo aos fazem de seus dias tijolos de catedrais escuras, navegam em pingo d'água e jamais perdem tempo com uma criança. Aos que cimentam árvores, fazem pontaria em orquídeas e pintam o verde de marrom. Aos que jamais escutam o silêncio, vociferam palavras sem nexo e tratam seus semelhantes como os motoristas reclamam dos buracos na estrada.

Feliz Ano Novo aos que cercam suas almas com arame farpado, abrem com foices seus caminhos na vida e, ainda assim, não sabem que rumo tomar. Aos que traçam labirintos em seus mapas imaginários, enfeitam a vida com buquês de impropérios e rasgam o ventre da água com os seixos adormecidos no leito de seus rios.

Feliz Ano Novo aos que cavalgam em hipocampos de feltros grávidos de dinamites, multiplicam teorias para subtrair a prática e escondem o horizonte no fundo da gaveta.

Feliz Ano Novo aos que se julgam imortais, incensam a própria imagem e tocam címbalos aos cifrões que servem de prisão aos que estão terminantemente proibidos de tomar em mãos vazias de dinheiro, um prato de comida.

Feliz Ano Novo aos infelizes que fazem de suas vidas Lua minguante e se vestem com o escafandro de seus temores, afogados no sal de um oceano ressecado. Novos lhes sejam o ano e a vida, revertidos e revestidos de ensolaradas esperanças.

Frei Betto

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