Água fresca... para ideias com sede...

segunda-feira, junho 25

SÉKOU TOURÉ

Ahmed Sékou Touré
(Presidente da Guiné de 1958 a 1984)
9-1-1922, Faranah
27-3-1984, Cleveland, Ohio

De religião muçulmana, iniciou a sua carreira política em 1945 como líder sindical, tendo sido co-fundador do Rassenblement Démocratique Áfricain (RDA). Em 1952, reorganizou seu partido (Parti Démocratique de Guinée, PDG) como uma seção do RDA, a partir de pressupostos marxistas. Deputado da Assembleia Nacional Francesa desde 1956, lutou pela independência do seu país, convertendo-se em primeiro-ministro do território autónomo em 1957 e, em 1958, no primeiro presidente e chefe de Governo da Guiné independente. Isolado pelo Ocidente, iniciou uma aproximação política da União Soviética. Construiu um regime ditatorial apoiado numa base ideológica de inspiração marxista, nacionalista e pan-africana, que permitiu um certo progresso, mas que não conseguiu fazer o país sair do subdesenvolvimento económico. Após sua morte, o regime foi liquidado por um golpe militar.

segunda-feira, junho 18

Batismo de Sangue - filme


Levei dez anos para escrever "Batismo de Sangue" (editora Rocco), de 1973, ao sair de quatro anos de prisão, a 1983. Reviver toda a saga de um grupo de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar fez-me sofrer. Revirei a memória, fiz entrevistas e pesquisas, revisitei os locais dos acontecimentos, consultei arquivos. Sim, arquivos. O governo federal, comandado por dois ex-presos políticos (Lula na Presidência e Dilma Rousseff na Casa Civil), desconsidera a memória nacional ao não abrir os arquivos das Forças Armadas. Felizmente existem arquivos fora do controle militar. Sobretudo arquivos vivos, sobreviventes da grande tribulação.

Deu-me trabalho levantar os últimos momentos do líder revolucionário Carlos Marighella e o intrincado cipoal em torno de seu assassinato pela repressão, em 4 de novembro de 1969. E doeu-me descrever em detalhes a paixão e morte de frei Tito de Alencar Lima, levado ao suicídio em 1974, aos 28 anos, em decorrência das torturas sofridas nas dependências do II Exército, em São Paulo. Queriam forçá-lo a assinar confissões falsas e delatar pessoas. Não escutaram senão o silêncio daquele religioso que sabia ser "preferível morrer do que perder a vida", como escreveu em sua Bíblia.

Um dia dei o livro a Helvécio Ratton, que também militou na resistência à ditadura e esteve exilado. Escrevi na dedicatória: "Helvécio, a vida supera a ficção". Diretor de cinema, ele tomou a si o desafio e levou às telas "Batismo de Sangue", que estréia a 20 de abril. As cenas - ambientação precisa dos anos 60 - foram rodadas no Brasil e na França. Integram o elenco Caio Blat (no papel de Frei Tito), Ângelo Antônio (frei Oswaldo), Léo Quintão (frei Fernando), Odilon Esteves (frei Ivo), Daniel de Oliveira (que me interpreta), Marku Ribas (Carlos Marighella), Marcélia Cartaxo (Nildes), Cássio Gabus Mendes (delegado Fleury) e outros.

Filmes nem sempre retratam adequadamente os livros nos quais se inspiram. Em geral, a literatura ganha em profundidade da arte cinematográfica, obrigada a condensar-se num par de horas. O livro, traduzido para o francês e o italiano (e, em breve, para o espanhol), merecedor do mais conceituado prêmio literário do Brasil, o Jabuti, atrai o interesse dos leitores desde sua publicação há 24 anos. Falei ao Helvécio: "Livro é livro, filme é filme; não quero interferir." O máximo que solicitou, a mim e aos frades Fernando de Brito, Oswaldo Rezende e o ex-dominicano Ivo Lesbaupin, foi conversar com os atores sobre a nossa experiência na guerrilha urbana e na prisão. Li o roteiro de Dani Patarra, considerei-o excelente, mas preferi não opinar.

Em março, no Festival de Brasília, vi o filme pela primeira vez. Fiquei transtornado: arrancou-me lágrimas, reavivou-me a indignação contra o arbítrio, ativou-me as teias da emoção, enlevou-me pela trilha sonora, fez-me agradecer a Deus pertencer a uma geração que, aos 20 anos, injetava utopia nas veias. Fiquei embevecido frente à força estética das imagens produzidas pelo talento de Helvécio Ratton. O Festival de Brasília concedeu-lhe os prêmios de Melhor Direção e Melhor Fotografia (Lauro Escorel). No Festival de Tiradentes, a platéia de mais mil pessoas, a maioria jovens, expressou a emoção em prolongadas palmas.

A arte brasileira adianta-se ao governo e escancara os bastidores da ditadura. Este é um filme a ser visto especialmente por quem não viveu os anos de chumbo. Ali está o estupro da mãe gentil, gigante entorpecido, o Brasil sem margens plácidas, arrancado do berço esplêndido, resgatado à democracia pelos filhos que, por amor e esperança, e sem temer a própria morte, não fugiram à luta.

"Batismo de Sangue" é um hino à liberdade. Nele se revela a história recente de uma nação e a fé libertária de um grupo de cristãos. Emerge, contundente, a subjetividade dos protagonistas, como frei Tito, em quem se transubstanciou a dor em amor, o sofrimento em oblação, as algemas em matéria-prima desta invencível esperança de construirmos um mundo em que a paz seja filha da justiça, e a felicidade, sinônimo de condição humana.

Frei Betto, aqui

Veja aqui a apresentação do filme baseado no livro com o mesmo nome.

Aqui encontrará o site do filme e aqui uma notícia sobre o dia em que os frades dominicanos, ordem a que pertence Frei Betto, foram assistir.

domingo, junho 10

Moringues (31)

domingo, junho 3

Há bonecos e... BONECAS!

Raramente me dou ao trabalho de perder tempo a ler as chamadas revistas "del corazón". A não ser quando espero pela vez no cabeleireiro ou, por artes mágicas, me aparece alguma em casa. Foi o caso deste fim de semana, em que uma aqui caiu de para-quedas.
Folheando-a, dou com uma notícia sobre uma "magnífica" boneca de silicone, que dá pelo nome de KOYUKI, fabricada pela firma Orient Industry, de Tóquio.

Aí está ela:

Se estiver interessado, pode adquirir uma dessas bonecas a partir da módica quantia de 6,589 dólares.
Veja aqui a variedade de corpos, caras e penteados de que dispõe.
Para mais informação sobre o "The Silicone Valley of the Dolls", veja aqui.

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