Água fresca... para ideias com sede...

terça-feira, fevereiro 27

ÓSCAR


O último rei Foto@EPA/Paul Buck


O actor Forest Whitaker exibe a estatueta dourada para melhor actor conquistada com a representação no filme "O Último Rei da Escócia". Este é um dos momentos desejados por todos os actores, mas só alguns conseguem erguer o Óscar.

Eleni Karaindrou, uma compositora

Sou meio melómana, reconheço.
Há cerca de dois anos, nas minhas habituais visitas ao meu fornecedor de discos, o Sr. Alberto, ele deu-me a ouvir o disco "Weeping Meadow". Logo que comecei a ouvir os primeiros acordes, perdi-me de amores por aquela música.
Ontem, mais uma vez passei por lá à procura de novidades. Entretida a ver livros e CDs, ouvindo, em fundo, a voz inconfundível de Tom Waits, vejo um novo CD de Eleni Karaindrou – “Elegy of the Uprooting”. O Sr. Alberto diz-me: “Tem de ouvir”. Auscultadores nos ouvidos, reconheço os dois primeiros temas como sendo do anterior disco. Começo a ler o folheto e vejo que se trata da gravação ao vivo, com duração de cerca de 1h:40m, dum concerto em Atenas, com grande orquestra, coro e a voz de Maria Farantouri. Para além de algumas das composições de Weeping Meadow, encontro outras que mal conhecia, de outros discos que não tenho. Claro… não podia deixar de o levar comigo.

Eleni Karaindrou, grega, com formação em etnomusicologia, para além de história e arqueologia, compõe principalmente para cinema e teatro. A sua música é simples, harmoniosa, romântica, serena, mas ao mesmo tempo trágica, nostálgica… Lembra-nos paisagens ensombradas de neblina, com uma réstia de sol ao fundo. Lembra cores sombrias que se transformam em arco-íris brilhantes.
Todos os adjectivos que possa encontrar para descrever a sua música parecerão pobres depois de se ouvir.

Gravações da excelente etiqueta ECM, os seus discos são imperdíveis.
Ouça aqui algumas das suas composições.

Maria Farantouri, tem uma voz de contralto melodiosa mas poderosa, grave e quente. Entre 1967 e 1974, durante o exílio, deu concertos em todo o mundo protestando contra a ditadura fascista na Grécia, sendo deputada do PASOK desde 1989.
Podem ouvi-la nas composições de Mikis Theodorakis: There’s no place on earth like the world e Open the wind.

Moringues (11)

Moringue modernista

domingo, fevereiro 25

DIA A DIA EM CAXEMIRA

Dia a dia em Caxemira Foto@EPA/Farooq Khan

Um pescador no lago Dal em Srinagar, a capital de Verão de Caxemira. Localizada nos Himalaias, 5600 pés acima do nível do mar, Caxemira é um vale cheio de pomares rodeados de cadeias montanhosas, cobertas de neve. Tem cerca de 100 lagos.

Rádio Tocata da Cantina do Clo-Clo

Em homenagem ao nosso amigo Karipande, decidimos abrir uma nova rádio.
Uma rádio onde poderão ouvir os "top ten" dos discos pedidos nas antigas "Rádio Clube do..." da imensa Angola, e que se ouviam não só no mato como na cidade.
Esperamos ir de encontro ao gosto dos nossos ouvintes. Relembrem... recordem... dancem ao som do tango dos barbudos mais uma vez... voltem a dar flores às vossas namoradas... digam-lhes que "não são dignos delas"... etc., etc.
Fiquem... divirtam-se com os nossos sons!


À imagem do Portugal de antanho!


sábado, fevereiro 24

Publicidade - há limites para a criatividade?

Hoje, ao ler o jornal, uma chamada de atenção para uma campanha publicitária de Dolce & Gabbana em Espanha, cujo anúncio os estilistas decidiram retirar do mercado, depois da polémica desencadeada pela foto aqui ao lado e de veementes críticas do Instituto de la Mujer.
A campanha manter-se-à, no entanto, nos outros países, tendo os estilistas advertido que o próximo anúncio mostraria uma mulher nua em cima de um homem!
Na sua argumentação, acrescentam: "O que tem a ver uma fotografia artística com o mundo real? Então queimar-se-iam museus como o Louvre e todas as pinturas de Caravaggio!"

Esta não é a primeira vez que a dupla é alvo da crítica em relação às suas campanhas publicitárias, campanhas normalmente com apelos a temas fortes.
Já no ano passado, a associação que regula a publicidade na Inglaterra (Advertising Standards Authority) criticou a marca italiana por causa de uma campanha publicitária que mostrava modelos que ostentavam facas, tendo referenciado mais de 150 reclamações de pessoas preocupadas com o facto de as fotos estilizadas fazerem a apologia da violência.
Um dos dois anúncios apareceu no jornal "The Times" (foto ao lado). O anúncio foi publicado em outubro passado, tendo aparecido numa página em que havia um artigo sobre crimes com facas.
A marca argumentou, na altura, que os anúncios eram bastante estilizados e tinham a intenção de imitar a arte do início do século 19, tendo sido criados para evocar o período napoleónico, enfatizando os efeitos teatrais do género.

Questiono-me frequentemente sobre o tipo de linguagem visual a que as marcas apelam para vender. Se observar os anúncios unicamente sob o ponto de vista da arte, diria que são belíssimas fotografias. No entanto, acho que até podem chocar uma grande parte das pessoas, ferindo susceptibilidades ou provocando rejeição.
Mas dever-se-à impor limites à liberdade de criação? Fica a questão a que não sei responder.

AMARRAS


Existem amarras que nos levam aos sonhos de liberdade, solidariedade e amizade. Amarras que são verdadeiras cumplicidades de sentirmos o valor do amor. São algumas destas amarras que nos fazem beber a água fresca do moringue e apanharmos, na primeira estação, o kamakouve das nossas vidas e irmos por aí fora a curtir as cordas que nos amarram à vida.

sexta-feira, fevereiro 23

Zeca, sempre...

Faz hoje 20 anos que a música portuguesa ficou mais pobre.
Lembro-me de o ver, com a sua inesquecível boina e a viola debaixo do braço, pelos corredores da Faculdade de Letras de Lisboa... de o ouvir cantar nos intervalos das aulas, no bar da Faculdade e nos "meetings" no Anfiteatro 1, em que eram seus companheiros Sérgio Godinho, José Jorge Letria e outros. Uma pequena homenagem ao homem que também passou por África (Angola e Moçambique), cujos ritmos não esqueceu.

Ouça aqui e leia aqui

quinta-feira, fevereiro 22

AINDA O CARNAVAL

Ainda o Carnaval Foto@EPA/Georgi Licovski

Participantes exibem as suas máscaras num cortejo ao fim da noite de Carnaval, enquanto o fogo-de-artifício ilumina o céu em Strumica, uma cidade ao sul da Macedónia.

terça-feira, fevereiro 20

Um fotógrafo de excelência

"Máscara" (fotografia de Tonspi)

José da Silva Pinto ("Tonspi, para quem gosta muito de mim", como ele diz) nasceu no Lobito.

Em 1975 vem para a Europa, onde começou a gostar contar histórias com imagens. Desde 2000, vive em Luanda.

"Fotografo por paixão, fotografo por devoção", são palavras suas.

Vejam a sua arte aqui, aqui ou aqui. Vale a pena!

CARNAVAL DE LUANDA

fotografia de Tonspi

Carnaval de Luanda, Carnaval da vitória. É verdade foi nesta terra, Angola, que nasceu o Carnaval! Viva a festa! Morra a tristeza!

segunda-feira, fevereiro 19

CARNAVAL

Carnaval do Rio Foto@EPA/Marcelo Sayao

Um elemento da escola de samba Estácio de Sá exibe o seu trajo durante a parada no sambódromodo do Rio de Janeiro. Divirtam-se seu marotos e bebam só a água do moringue.

domingo, fevereiro 18

OP ART

Ilusão de óptica Foto@EPA/Frank Rumpenhorst

Esta imagem mostra um exemplo da "Op Art", da autoria da artista italiana Marina Appolonio. A "OP Art" surgiu no início dos anos 60 e debruça-se sobre experiências científicas e regras de óptica. A artista expõe esta obra em Frankfurt de 17 de Fevereiro a 20 de Maio.

Moringues (10)

O Canto Livre de Angola, uma relíquia


Xê minino, posso morrer
Já vi Angola independente!

Ouçam a rádio Menha Ma Zumbi, mesmo aí ao lado!

Tive a felicidade de poder assistir, em São Paulo, ao espectáculo da embaixada de músicos angolanos que se deslocou ao Brasil em 1983, e cuja apresentação no Rio de Janeiro deu origem ao disco O Canto Livre de Angola, que em boa hora o Tokê nos permite ouvir.

sábado, fevereiro 17

BERLINALE

Berlinale Foto@SAPO/Paulo M. Guerrinha

A 57ª edição da Berlinale, festival de cinema realizado em Berlim, começou, este mês, na Potsdamer Platz (na foto). Ao longo de 10 dias os 22 filmes que disputam o Urso de Ouro, e outros quatro que estão de fora da competição, vão estar em exibição nas salas de cinema deste espaço. O grande vencedor será anunciado no dia 17 de Fevereiro. A Praça de Potsdamer é uma conjugação de aspectos artísticos que fazem a fusão do antigo com o novo, numa atitude de modernidade sem esquecer o passado histórico de Berlim. Quem visitar Berlim tem que obrigatoriamente passar por aqui.

quarta-feira, fevereiro 14

Água do moringue


A memória da água

Será que a água possui memória?
Será que ela pode guardar informações, para mais tarde reproduzir e fazer passar essas informações? Será a memória da água comparável à memória das pessoas?

Nas pessoas a memória guarda e apaga informações de uma forma emocional, depende da importância ou da impressão (no verdadeiro sentido da palavra) que essas informações despertaram nas respectivas pessoas.

A memória da água funciona de uma forma racional. Guarda informações de uma forma exata e livre de emoções, que depois reproduz, quer as boas como as más. Tal uma fita de gravador que guarda as frequencias e as reproduz sempre que se seja pedido, sem alterar nada da versão original da gravação, sem que algo se perca ou se acrescente, assim é a memória da água.

A forma e o local onde a água guarda as informações são apenas teorias que os cientistas ainda não estudaram de uma forma consequente (os cientistas tradicionais negam que a água tenha capacidade de guardar informações).

Quanto aos efeitos da reprodução dessas informações, aí já se avançou bastante de uma forma empírica mas também sistemática no estudo científico desses mesmos efeitos. Sabemos hoje qque a estrutura molecular da água joga um papel fundamental na qualidade da reprodução das informações. Essa estrutura é responsável pela qualidade de conservação da água, o desenvolvimento de micro-organismos naágua e finalmente pela forma como a água é assimilável e compatível para com a estrutura arquitectónica de todos os seres vivos (incluindo o ser humano), com os quais entra em simbiose.

Todas estas características, que de uma forma natural deveriam ser encontradas em todas as águas, desaparecem hoje em dia de um modo tão drástico e assustador, que é motivo para grande preocupação.

(a minha água é a vossa água, tenho sede e ela sabe, o nosso moringue está meio - cheio e amanhã vou buscar mais)

terça-feira, fevereiro 13

MULHER AFEGÃ

Mulher Afegã Foto@EPA/Syed Jan Sabawoon

Uma mulher afegã descansa debaixo de uma árvore em Kabul, escondida por trás da Burka. O Afeganistão continua a sofrer as consequências de anos consecutivos de guerra. O uso da Burka é por vezes apontado como uma forma de violação dos direitos da mulher. Há fotos que valem por mil palavras. Bem aventurados aqueles que conseguem transmitir, através da fotografia, aquilo que lhes vai na alma. Espero que os que bebem a água fresca do Moringue consigam ser, também, os "iluminados" das artes.

Adão e Eva e as maçãs....

Fiquei de pé atrás com Deus, desde aquele longínquo dia em que tomei conhecimento da "estória da maçã".

Qual é o Pai, por mais insensível que seja, que diz a um filho:-- Aqui está esta maçã, mas não lhe tocas, ouviste?

Porra!...

Ou, não há maçãs, e, como tal, ninguém come; ninguém lhe toca ( até porque quando não há a gente remedeia-se!...).

Ou, se há, é para se comer! Ele há cada pai que só visto!

De um filho....

Moringues (9)

Moringue da Nigéria

domingo, fevereiro 11

espanto


TANGO

Elsa Osório é uma escritora nascida em Buenos Aires, em 1952. Vencedora, entre outros, do Prémio Nacional de Literatura, do Prémio de Jornalismo do Humor e do Prémio para o Melhor Argumento de Comédia, todos eles na Argentina. Recebeu também o Prémio Literário da Amnistia Internacional e foi finalista do Prémio Femina, em França. A sua obra está publicada em mais de vinte países incluindo Portugal. As edições ASA já tinham publicado, em Portugal, a sua obra Há Vinte Anos, Luz. Publica agora o romance Tango aproveitando a sua presença na Póvoa do Varzim para participar no VII Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, nos Encontros d'Escrita.

Tango recria a história de uma cidade e de uma música através da saga de duas famílias que se encontram nos extremos da escala social: um cocktail explosivo de amores, lutas, alegrias e traições, e uma dança perigosa e sensual que os une num abraço.
No La Latina, em pleno centro de Paris, um tango junta o destino de Ana e Luís. Ana é francesa e ama o tango com a mesma paixão com que rejeita o país de seu pai, a Argentina. Luís é natural de Buenos Aires e Paris é a sua última aposta para sair de uma profunda crise económica e criativa. O projecto de um filme sobre o tango, realizado por Luís e em que Ana participará, vai ligá-los a partir desse momento de um modo irreversível.
Elsa Osório escreveu um fascinante e admirável romance de múltiplas vozes, que percorre a história do tango e a história da sociedade argentina: as familias tradicionais, as lutas e as reivindicações operárias, a imigração e a sua contribuição para a identidade nacional.

sábado, fevereiro 10


A Bandeira

Levanta-te comigo.

Ninguém mais do que eu

desejaria ficar
sobre a almofada em que as tuas pálpebras
querem fechar o mundo para mim.
Ali quereria também
deixar dormir o sangue
abraçado à tua doçura.

Mas levanta-te,

tu, levanta-te,
mas levanta-te comigo
e saiamos juntos
para a luta corpo a corpo
contra as teias dos malvados,
contra o sistema que reparte a fome,
contra a organização da miséria.

Pablo Neruda

quinta-feira, fevereiro 8

Sympathy


Interpretada em 1970 pelos Rare Bird, numa mistura de 2004.

And when you climb
into your bed tonight
And when you lock...
of the door
Just think of those
out in the cold and dark
'cause there's not enough love to go round

And sympathy
is what we need my friend
And sympathy
is what we need
And sympathy
is what we need my friend
'cause there's not enough love to go round

Now half the world
hits the other half
And half the world
has all the food
and half the world
lies down and quietly starves
'cause there's not enough love to go round

AQUECIMENTO GLOBAL 1

Al Gore em Lisboa. Aparentemente seria uma boa notícia. Um ambientalista convicto, candidato a Prémio Nobel.
Pois é!
Veio dar uma conferência e cobrou-se régiamente.
A conferência de interesse para todos, foi quase secreta e por convite.
Por último, e para que não me acusem de ser do contra, já o escrevi há meses no meu blog: o livro que escreveu é muito, muito fraquinho. Só diz banalidades. Mas enfim, é o que temos.
Penso muitas vezes que este mundo em que vivemos é o verdadeiro Matrix.

Um abraço
GED

Moringues (8)


Um moringue de Picasso

quarta-feira, fevereiro 7

AQUECIMENTO GLOBAL

Este tema faz parte das minhas preocupações recorrentes. Tento sempre que posso, cativar o número máximo de pessoas para partilhar esta preocupação.
Se, se derem ao trabalho de ir ver, o relatório das Nações Unidas, acabadinho de saír (climate change 2007), ficarão provávelmente preocupados e com razão.
Descansem que o mundo não acaba para vocês. Para os nossos filhos e netos, no entanto, já não vai ser assim. Mais do que os países, que se guerreiam sem fim à volta deste tema, importa que sejamos nós a tomar uma atitude, ou melhor uma série delas, que farão de certeza a diferença.
Voltarei rápido para vos dar conta de alguns gestos, que multiplicados por muitos de nós, dão resultados impressionantes.
Leiam também o relatório Stern, da Grã-Bretanha.
Para começar:
-troquem as vossas lampadas por outras de alto rendimento.
-poupem o máximo de água que puderem.
-façam uma reciclagem efectiva nas vossas casas.
-não usem sacos de plástico indiscriminadamente.
-tomem banho de chuveiro, não de imersão.
-usem vidros duplos. O que se poupa em aquecimento é notável.
-usem a lareira o menos possível. É uma das maiores fontes de dióxido de carbono.
-Quem puder que use energias alternativas.

Para quem pensa que isto não faz sentido dou-lhe um exemplo. Os autoclismos têm um sistema poupador de água. Nos que não têm, coloquem-lhe dentro uma garrafa cheia com um litro de água. Numa casa normal poupa-se em média 40 litros/dia. Num mês são 1200l. Num ano são 14.400 litros. Só num andar. Num prédio de 30 apartamentos são 432.000 litros/ano. Multipliquem isso pelas cidades do vosso país, do mundo. A quantidade de energia que se poupa é inimaginável.
Fiquem comigo. Lembrem-se do que vos disse, no vosso dia-a-dia.
Um abraço

GED

Moringues (7)


terça-feira, fevereiro 6

Dia Mundial da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina

No Dia Mundial da Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital apresentam-se os números. Mais de dois milhões de meninas são vítimas, todos os anos, de mutilação genital. Uma prática muito comum em África, mas também praticada noutros países (Europa, EUA e Médio Oriente), especialmente por comunidades imigrantes dos 28 países africanos onde se verifica esta prática.
A mutilação genital consiste em retirar, total ou parcialmente, os órgãos genitais externos das mulheres, o que viola os Direitos Humanos e contribui para um problema de saúde pública.
De acordo com o relatório da organização Save the Children, os tipos de mutilação praticados vão desde a circuncisão (a menos grave), à excisão, até à mais grave que consiste na eliminação completa dos genitais externos e pode incluir o uso de substâncias corrosivas.
Estas práticas são realizadas em crianças desde os poucos dias de vida até aos 20 anos, mas o mais comum é que se realizem entre os 12 e os 14 anos.
Várias organizações têm tentado erradicar esta prática, mas esta está muito associada a tradições e crenças. Quem faz a mutilação genital acredita que as menores se manterão virgens até ao casamento, o que evita comportamentos imorais e previne a morte precoce.

In Jornal de Notícias, 06-02-2007

_________

A excisão/mutilação genital feminina (E/MGF) ocorre a uma escala muito maior do que se pensava anteriormente. Só no Continente Africano (África Sub-Sariana, Egipto e Sudão), três milhões de raparigas e mulheres são, anualmente, submetidas.
A excisão/mutilação genital feminina é uma prática tradicional que se crê realçar a beleza da rapariga, a sua honra, aptidão para casar, estatuto social e castidade. Os pais encorajam essa prática na convicção de que esta irá salvaguardar a honra da família e o interesse superior da rapariga. Nos 28 países da África Sub-Sariana e do Médio Oriente onde é praticada, cerca de 130 milhões de raparigas e mulheres foram vítimas desta prática.
Anteriormente, as estimativas apontavam para 2 milhões de raparigas por ano submetidas a esse procedimento; a nova estimativa de 3 milhões não reflecte um aumento, mas uma melhor recolha de dados, afirma um relatório da UNICEF, do ano passado.
A E/MGF é um problema global, que também afecta as mulheres que vivem em comunidades imigrantes nos países industrializados em todo o mundo. As percentagens da população feminina que é submetida à mutilação genital, os tipos de excisão e a idade em que essa prática é realizada variam muito de país para país.
Em todas as suas variantes, a E/MGF é muito dolorosa e pode provocar hemorragias prolongadas, infecções, infertilidade e até a morte. Muitas raparigas e mulheres sofrem em silêncio. Devido à natureza privada desta imposição, é impossível calcular o número de vítimas mortais.
O relatório analisa em profundidade as complexas dinâmicas sociais que fazem da E/MGF uma das violações de direitos humanos mais persistente e silenciosamente suportadas.

Portugal é um país de risco.

Portugal é um país de risco para a execução desta prática, pois recebe comunidades imigrantes do continente africano, onde a excisão feminina tem uma prevalência de 50 por cento.
Portugal já tem um quadro legal que pune a mutilação de órgãos, mas a questão da excisão das mulheres ainda não se encontra tipificada.
Para combater as práticas tradicionais da MGF ou «fanado» - como é popularmente definido - é necessário promover acções de formação, nomeadamente explicar às mulheres africanas imigrantes que «a mutilação não é recomendada no Alcorão» e não tem fundamento religioso. Quem o diz é a ginecologista - obstetra Ana Campos - que relata as condições precárias em que a MGF é praticada na Guiné: «É feita com pedaços de vidro ou lâminas, gerando infecções que podem conduzir à morte das mulheres.»
Só se tem conhecimento de 15% das consequências da MGF, que são os casos que chegam aos profissionais de saúde. Não existem provas concretas da prática em Portugal, mas para Yasmina Gonçalves, da Associação para o Planeamento da Família, «os médicos e enfermeiros portugueses precisam de formação específica para lidar com estes casos».

MAR SALGADO


Moringues (6)

segunda-feira, fevereiro 5

QUESTÃO DE TOMATES

Três amigos alentejanos a esgrimirem as suas qualidades:

- Ê so tã preguiçoso que no outro dia, vi uns maços de notas no chão, e
não os apanhê p'rá nã ter que m'agachari.

Prossegue um outro:

- Isso nã é nada. A minha vizinha super-sexy tocou-me à porta, a
convidar-me para ir passar a noite à casa dela e eu recusei p'ra nã ter que
atravessar a rua.

E o terceiro:

- Pois o mê caso foi piori. No domingo fui ao cinema e passei o filme todo
a chorari.

- Só isso? - Comentaram os outros.

- É que ao sentar-me, entalê os tomates e não estive p'ra me levantari!

domingo, fevereiro 4

Moringues (5)


Moringue Lwena

4 de Fevereiro

Aqui o hino.

Oh Pátria, nunca mais esqueceremos
os heróis do 4 de Fevereiro
Oh Pátria, nós saudamos os teus filhos
tombados pela nossa independência
Honramos o passado e a nossa história
construindo no trabalho o homem novo
Honramos o passado e a nossa história
construindo no trabalho o homem novo

Angola, avante!
Revolução, pelo poder popular
Pátria unida, liberdade
um só povo, uma nação.

Levantemos nossas vozes libertadas
para glória dos povos africanos
marchemos combatentes angolanos
solidários com os povos oprimidos

Orgulhosos lutaremos pela Paz
com as forças progressistas do Mundo
Orgulhosos lutaremos pela Paz
com as forças progressistas do mundo

sábado, fevereiro 3

A "cara lavada" do Huambo

Hoje, uma amiga enviou-me um presente: ESTE.
Espero que também gostem de ver como a nossa terra está a mudar de cara!

Os SSP e "Chama por mim"

sexta-feira, fevereiro 2

Moringues (4)


Um moringue de Cabinda

quinta-feira, fevereiro 1

O PARAÍSO É BEM BACANA

O futebol é um desporto de paixões e de multidões! É uma verdade de La Palice mas que muitos ainda hoje se esquecem. Mas este desporto apaixonante não tem dado à estampa grandes livros. Em termos literários o que se tem publicado é muito pobre. Mas, na terra do samba e do futebol, surgiu agora um grande livro sobre a matéria. E a mistura do futebol com o terrorismo (económico, de influências, corrupto, mesquinho) pode dar um grande e notável romance.
Em O Paraíso é Bem Bacana, de André Sant'Anna, o terror brota na infância, cruel, na pobreza, cruel, na ignorância, cruel, no Brasil, cruel, no futebol amador, cruel, nos tempos da consciência do próprio fracasso e da fatalidade que nos engole, cruel, no futebol a profissionalizar-se, cruel, na sexualidade transtornada dos tempos da descoberta do corpo, cruel, esse terror que chega ao êxtase da morte entendida como ressureição, está inteiro, retratado, como nunca, neste romance deste excelente escritor brasileiro.
O Paraíso é Bem Bacana parece uma novela de 500 páginas. Na verdade, é um imenso rio que corre na mesma direcção e com um só navegador (afogando-se aos poucos) - Mané dos Anjos, - personagem principal do livro, negro, pobre, sofrendo todas as humilhações imagináveis e inimagináveis. Pai desconhecido, mãe alcoólatra, irmãzinha entregue ao azar do desejo materno de que o corpo da filha renda algum trocado, Mané atravessa a infância, adolescência e juventude esquivando-se da violência física e moral. Fugindo aos jogos sexuais que, na verdade, são estupros subtilmente consentidos e testemunhados por uma gurizada que se orgulha em ser "filha da puta" e morar numa cidade "filha da puta" e destinada a uma existência "filha da puta" até ao final dos seus dias. Mané tinha tudo para ser uma estrela de futebol, do futebol brasileiro, um novo Ronaldinho. Mas o seu passado de miséria volta a apanhá-lo. Este é um romance notável, muito negro, devasso e bem amargo.
Ronaldinhos não são a regra, a regra são os Manés.
André Sant'Anna é um dos escritores mais promissores da sua geração. Nasceu em 1964, em Belo Horizonte. Tocou música e trabalhou como redactor de publicidade, antes de se dedicar à literatura. Além de "
O paraíso é bem bacana", escreveu os romances "Amor" (1998) e "Sexo" (1999) e a antologia "Amor e outras histórias" (2001). Os dois últimos estão publicados em Portugal na editora Cotovia. Desde 1993 que Sant'Anna vive em São Paulo.

Nova revista online

Para os amigos educadores e todos aqueles que têm curiosidade sobre temas ligados à educação fica aqui o endereço de uma nova revista online: SÍSIFO, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.
Ver, em especial, o artigo: "Estudos Comparados em História da Educação Colonial. Algumas considerações sobre a comparação no espaço da língua portuguesa", de Ana Isabel Madeira.

Árveres somos nozes


Ah ah ah ah

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