Água fresca... para ideias com sede...

segunda-feira, abril 30

Nunca é demais lembrar...


Mulher do Chade a ser tratada num centro de saúde em Koukou, próximo da fronteira com o Sudão.
As escaramuças fronteiriças têm forçado milhares de sudaneses e chades a fugir das suas casas, incluindo 200.000 refugiados de Darfur.

domingo, abril 29

sábado, abril 28

Decoração


Decoração de uma casa em Tianjin, China.
A casa, que vai ser transformada em restaurante, tem mais de 400 milhões de peças de cerâmica, segundo o seu proprietário.

Nota: Não deite os cacos para o lixo. Pense em decorar a sua casinha!

sexta-feira, abril 27

MARCOS

O intelectual progressista, enquanto comunicador de análise crítica, converte-se em objecto e objectivo para o poder dominante. Objecto a comprar e objectivo a destruir. Enormes recursos são mobilizados para as duas coisas. O intelectual progressista "nasce" no meio deste ambiente de sedução persecutória. Alguns resistem e defendem-se (quase sempre sozinhos, a solidariedade entre grupos não parece ser a característica do intelectual progressista), mas outros, talvez fatigados, vasculham a sua bagagem de ideias e escolhem as que são ao mesmo tempo crítica e razão para legitimar o poder. O novo exige muito, o velho está aí, sendo que basta usar o argumento de "inevitável" para que lhe ofereçam uma cómoda poltrona (às vezes em forma de bolsa de estudos, posição, prémio, espaço) por conta do Príncipe antes tão criticado.
Subcomandante Marcos

Morreu Mstislav Rostropovich

Mstislav Rostropovich morreu hoje aos 80 anos.

O violoncelista e maestro russo morreu hoje em decorrência de uma doença não divulgada. Rostropovich ficou conhecido tanto pelo brilho como intérprete e maestro de música erudita como pela sua militância em defesa da liberdade de expressão. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ainda há pouco tempo o tinha condecorado com a medalha de valor da cultura, disse que sua morte é uma "perda enorme" para a cultura nacional.

Rostropovich estudou no Conservatório de Moscou, sob a batuta de compositores como Sergei Prokofiev e Dmitri Shostakovich. Apesar da carreira de sucesso no seu país, deixou a então União Soviética no início dos anos 70, num auto-exílio motivado pela perseguição comunista a dissidentes como o escritor Alexander Solzhenitsyn. Morando fora do país com a mulher, a soprano Galina Vishnevskaya, e seus filhos, Rostropovich brilhou nos grandes palcos do Ocidente.

Com o colapso do comunismo, o maestro voltou à URSS - antes, em novembro de 1989, fez uma apresentação improvisada no Muro de Berlim, ao mesmo tempo em que a barreira entre os blocos socialista e capitalista era derrubada. O violoncelista foi reabilitado pelo então líder soviético Mikhail Gorbachev e conseguiu voltar ao seu país de origem. Em agosto de 1991, Rostropovich apoiou o líder Boris Ieltsin, que faleceu também esta semana, na resistência aos comunistas que pretendiam impedir as reformas.

Nos últimos anos de sua vida, Rostropovich participou de outras acções em defesa dos direitos humanos. Dividiu seu tempo entre a Rússia, os Estados Unidos e a França.

Ouça o Adagio da Sonata para violoncelo e piano, em A minor D.821, de Franz Shubert, com Mstislav Rostropovich(1927~2007), no violoncelo e Benjamin Britten (1913~1976, ao piano.

Editorial do Jornal de Angola, hoje

Este o Editorial do Jornal de Angola, hoje:

"Valorizar as artes

O reconhecimento da actividade artística em Angola deixou de ser questionável atendendo às acções que o Governo tem vindo a implementar, sobretudo desde o início do século XXI, com a criação do Prémio Nacional de Cultura e Artes.
Quando se distingue uma personalidade, reconhecendo os seus feitos no domínio da Ciência ou das Artes, está-se a depositar um voto de confiança a favor de alguém capaz de contribuir para o crescimento da área em que trabalha. Várias figuras angolanas, entre artistas e investigadores, têm sido reconhecidas através do Prémio Nacional de Cultura e Artes instituído pelo Presidente da República, em 2000.
Um dos exemplos de que o Prémio Nacional de Cultura e Artes deve significar um acto activo e não passivo é o contributo que a coreógrafa Ana Clara Guerra Marques está a dar ao desenvolvimento da dança contemporânea em Angola, participando, nomeadamente, em acções de formação de bailarinos, como o workshop de superação sobre Dança promovido pelo Ministério da Cultura.
À semelhança de Ana Clara Guerra Marques, vários criadores e investigadores ligados à cultura e artes têm dado o seu contributo para a formação de novos valores. O citado workshop sobre Dança, iniciado a 23 deste mês e com término previsto para amanhã, têm sido segundo observadores, uma verdadeira oficina de actualização para todos aqueles que contribuem para perpetuar a arte de bailar, muitos deles desprovidos de formação no ramo.
Em vésperas do 29 de Abril, Dia Mundial da Dança, os grupos de bailado nacionais têm a oportunidade de incrementar as aptidões necessárias para poderem recriar e dar novo alento à esta manifestação artística, segundo realçou segunda-feira última o ministro da Cultura, Boaventura Cardoso.
Nesse contexto, torna-se imperioso recorrer não só aos meios tecnológicos para documentar e difundir a dança, mas também ao livro, a pintura, escultura, a banda desenhada e outras manifestações com vista a preservar expressões que fazem parte do "modus vivendi" do povo angolano."


É sempre bom ver o reconhecimento do trabalho dos nossos amigos!

Moringues (24)

quarta-feira, abril 25

AS CRIANÇAS

Nada me perturba tanto, como o sofrimento de uma criança. Como profissional, trato os adultos com algum distanciamento. Não confudam com frieza. É o distanciamento apenas necessário, para que eu próprio possa sobreviver. Trazem-me sofrimento, mas é controlado.
Quando tenho uma criança, não há como dar a volta. São dias terríveis da minha vida.

TRÊS SEGUNDOS
(Este poema dura em média cerca de 45 segundos a ler).




Em cada três segundos morre um menino
Evaporam-se em fome, doença ou solidões
Neste preciso instante já morreram três
Para estes jamais poderá haver soluções.

Os dedos da mão estalam em ritmos loucos
Um morto, outro desiste, outro vai embora
Alucinados vagueiam na global indiferença
De um drama, que em cada dia não melhora

Dia mundial, da fome, da criança, do amor
Da paz e de múltiplas outras solidariedades
Já se exilaram sem retorno, mais outros três
Destroços inúteis na casa azul da liberdade

Ausência, medo, pavor, peso de vergar almas
Nunca, nunca mais, outros três lindos sorrisos
Os meus olhos rasam-se em oceanos de dor
Por tantos, tantos meninos vivendo indecisos

As manhãs do nosso futuro, desistem na noite
Outras três voaram para além das cordilheiras
Eram cientistas, ou carpinteiros, ou bailarinas,
Seriam adultos, vivendo as suas vidas inteiras.

Nunca mais será possível adormecer em paz
Sabendo que o tempo rola na escuridão fria
Mais três que partiram nos ventos diferentes
Fugiram e levaram com eles a nossa alegria

Corre por este rio de alucinações e maravilhas
Esta ausência, do pedaço de pão para todos nós
Desertaram mais três, esgotados de esperas vãs
Sinto-me, sentimo-nos todos, cada vez mais sós.


GED

Dia Mundial contra a Malária em África

Celebra-se hoje o Dia Mundial contra a Malária em África.

A utilização de redes mosquiteiras impregnadas com insecticida nos locais mais afectados pela malária em África pode reduzir em cerca de 25% a taxa de mortalidade nas crianças até aos cinco anos.
O alerta foi lançado, ontem, em Genebra, pelo Fundo das Nações Unidas para a Educação e Infância (Unicef).


Segundo dados estatísticos, a cada 30 segundos morre uma criança africana devido à malária, uma doença que é curável e que se pode prevenir, e todos os anos morre mais de um milhão de pessoas em todo o Mundo, 80% delas na África Subsariana. Deste total, 18% são crianças até aos cinco anos.

O uso de uma rede mosquiteira já permitiu que se chegasse à conclusão de que se pode reduzir a taxa de mortalidade em 25% naquela faixa etária mais vulnerável. A utilização de redes mosquiteiras impregnadas com insecticida permite combater ainda com maior eficácia a doença e também a sua propagação.

Uma no cravo, outra na ferradura


25 de Abril
NUNCA MAIS!!!
Na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, os capitães das forças armadas portuguesas rebelaram-se contra os restos de um Estado Novo menos reformista do que situacionista, onde apesar da relativa brandura do discurso marcelista se mantinha tudo na mesma.

Indignados com a sua situação profissional, e com uma guerra controlada mas sem fim à vista nas colónias africanas, os capitães das forças armadas, na altura extremadamente politizados, desencadearam uma mudança de regime que atingiu a sociedade portuguesa como um terramoto.




Às pias verdades bafientas de trazer por casa, legitimadoras da supressão das liberdades individuais e colectivas do velho regime, sucederam-se, do dia 25 de Abril em diante e durante alguns anos, todas as utopias igualitárias, tentações totalitárias "à là cubana", e a instauração de um anacrónico Conselho da Revolução autolegitimado a que só se pôs um justo cobro nos anos 80, inflamados discursos demagógicos prometendo amanhãs que cantam, como se a mera mudança de regime fosse uma mágica varinha com o condão de tirar o país de profundos atrasos estruturais e culturais de decénios, quiçá de séculos. Para nem falar numa descolonização nada exemplar.


Um natural movimento de pêndulo fez-se então sentir na sociedade portuguesa que virava agora à esquerda - uma esquerda extremada e sonhadora -, com uma inércia em movimento contrário àquele em que vivera durante quase 50 anos de ditadura direitista salazarenta.


A partir dos anos 80 Portugal entrou em normalidade democrática com a regularidade da realização de pleitos eleitorais, com a permanente consumação dos direitos, liberdades e garantias do cidadão, e com a prossecução de um estado de direito em construção, Portugal é hoje uma democracia moderna em construção, com equilíbrio e independência de facto entre os poderes.
Com todos os defeitos de que enfermam as democracias modernas (a democracia é o menos mau de todos os sistemas políticos), o ordenamento político-jurídico-institucional português pode ser considerado um caso de sucesso, um orgulho nacional.
Longe vão os tempos em que se conspirava política e militantemente contra um regime anquilosado, em que se sonhava com uma revolução redentora da alma portuguesa.
Por isso digo: que não sejam precisos novos 25 de Abril!
Por isso digo: 25 de Abril NUNCA MAIS!!!

PS - Clicar sobre as fotografias para aceder a mais informação.

grito vermelho


A senha para a LIBERDADE

Ouça na Rádio Vila Morena e leia aqui

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza, enfim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

José Niza

terça-feira, abril 24

Há varias sedes...



Jorge Drexler & Jarabe de Palo, em Água

segunda-feira, abril 23

Cantar no chuveiro


Uma das muitas lutas por que temos de pugnar é a da "poupança da água".
A última campanha da Green Peace em prol da salvação no planeta é a seguinte:

"Em vez de tomar um banho de imersão, vá para debaixo do chuveiro e cante!"

Recordam-nos ainda que devemos fechar a torneira enquanto nos ensaboamos, e que para nos lembrarmos de tomar um banho rápido devemos cantar ou assobiar.

Se quiser participar na sugestão de músicas que goste de cantar quando toma banho, deixe o seu comentário aqui.

domingo, abril 22

A cambada, José Eduardo Agualusa

Gosto do Agualusa. Da forma como escreve, do seu humor, ironia, sarcasmo.
Hoje, ao ler, na revista Pública, a sua coluna, não consegui, a certa altura, deixar de escapar uma sonora gargalhada, fazendo com que as pessoas que estavam no café ficassem a olhar para mim.
Acho que este texto deve ser lido, por isso aqui fica:

No dia em que esta crónica for publicada deverão estar reunidos em Lisboa representantes de vários grupos europeus de cabeças rapadas. Alguns destes grupos, e em particular aquele que convidou os restantes, só existem na exacta medida em que os seus críticos, criticando-os, lhe dão existência. Com esta crónica também eu estarei a propiciar visibilidade a uma insignificância. Faço-o, contudo, movido mais pelo riso do que pela revolta, convicto de que por muita atenção que os jornais lhe dêem tal grupo há-de ser sempre merecedor de atenção nenhuma. Merecem, no máximo, a atenção da polícia, enquanto arruaceiros ou pequenos assassinos cobardes.
Um tronco não deixa de ser um simples tronco, assegura um velho provérbio africano, por muito tempo que fique mergulhado na água: não, nunca se transformará em jacaré. O tronco em causa julga-se um jacaré. Alguns observadores julgam-no um jacaré. Acho a presunção ridícula, e não dramática, na medida em que não lhe vejo os dentes. Olho-o com atenção e vejo apenas um tronco. Um pequeno tronco patético, equivocado e insignificante. Sei que jamais terá dentes, dentes autênticos, e por isso olho para ele, ali aos gritos, "vejam, sou um jacaré!", e rio-me.
Não acredito que a extrema direita possa crescer em Portugal, como tem vindo a acontecer noutros países europeus, porque para que isso acontecesse seria necessário em primeiro lugar voltar atrás no tempo e refazer toda a história da Península Ibérica. Convém recordar, as vezes que for necessário, que Portugal e a Espanha são o resultado da colonização romana, somada a uma longa colonização africana, através dos árabes, e depois à presença de populações vindas de muitos portos que as caravelas alcançaram. Os árabes não foram expulsos. Ficaram em Portugal, cristianizaram-se e misturaram-se com a restante população. Os africanos trazidos para trabalhar nos campos, ou para servir nas cidades, também nunca regressaram aos seus territórios de origem. Foram para a cama com as portuguesas e fizeram-lhes filhos. Imensos filhos, graças a Deus, e todos eles muito mulatinhos (1). Os actuais portugueses descendem, na generalidade, desse anárquico e festivo e maravilhoso encontro de sangues e culturas. Eis que, acolá, nasce um menino com a tez mais escura. Outro, ali, expõe à clara luz do dia uma inequívoca carapinha. Em certas aldeias a população inteira revela singular resistência à malária. A própria língua trai, a cada frase, a origem de quem a fala. Dizemos minhoca e é nhoca, a cobra, que estamos a recordar em quimbundo. A mesma coisa acontece ao dizermos cambada, palavra que vem de camba, amigo, ou cachimbo, ou carimbo, ou caçula, entre tantas outras, e isto para ficar apenas pelo quimbundo, porque poderia ainda trazer a terreiro a contribuição dos africanos árabes, arriscando-me com isso a ocupar a revista inteira e a fatigar os meus leitores.
Poucas coisas unem a extrema direita europeia para além do ódio à mestiçagem - e negar a mestiçagem é, evidentemente, negar Portugal. Começo a rir (às gargalhadas) neste ponto: temos então um partido português que se diz nacionalista enquanto combate a ideia de Portugal. Temos uma meia dúzia de indivíduos que convidam a visitar Lisboa a mesma cambada, permitam-me a quimbundagem, que persegue indefesos imigrantes portugueses pelas ruas de Berlim, de Paris ou de Viena. Ponho-me a imaginar o que dirá um cabeça rapada português a um cabeça rapada alemão: "Bate-me mais, oh pásinho, bate-me lá que eu gosto!".
Talvez na opinião desta gente um português emigrado já não seja exactamente um português. Um português no estrangeiro há-de ser, aos olhos de um cabeça rapada português - um estrangeiro! E um estrangeiro merece apanhar. Pensarão por certo que imigrante é uma espécie de nacionalidade, um natural de Imigra, seja lá onde for que fique Imigra, República Popular, provavelmente em África. Sendo assim passa a ser possível expulsar, por exemplo, os angolanos radicados em Portugal. Se o governo angolano decidir retaliar não terá como pois, vendo bem, não existem imigrantes portugueses em Angola. O que há é Imigrantes. "Mandem-nos para Imigra", dirão os carecas, "República Popular, seja lá onde isso for, que nós por cá todos bem".
Que me perdoem os meus amigos do SOS-Racismo. Não lhes atirem pedras (coitadas das pedras). Atirem-lhes gargalhadas.


(1) Sublinhado meu (parte onde dei a forte gargalhada)

FLORES


Todos nós gostamos de flores.

A Cangonja também, pelo que vi no fios.

Aqui fica uma para ela, para todos vós.

Um abraço


GED

O golo de Messi...



Cópia fiel do de Maradona?



De facto, os dois golos são muito parecidos; mas, reparem, Maradona era esquerdino!
E mais... o golo de Maradona foi num campeonato do mundo (México, 1986), contra os ingleses, poucos minutos após o célebre golo da "Mão de Deus", e teve um sabor especial: os Argentinos tinham acabado de sair humilhados da guerra das Malvinas/Falkland.

segunda-feira, abril 16

Promoção - 1º vídeo de rock made in Angola - "Filhos da Pátria" - Neblina



"Filhos da Pátria" é o primeiro vídeo de rock feito em Angola, uma produção da banda de rock luandense Neblina. Depois de em 2006 os Neblina terem lançado o primeiro álbum de rock feito em Angola, de nome INOCENCE FALLS IN DECAY, este início de 2007 vê aparecer o primeiro vídeo de rock feito em Angola. Em fase de edição está um segundo vídeo de nome "Mystery In The Dark"

domingo, abril 15

GAMAL NASSER


Gamal Abdel Nasser (em árabe جمال عبد الناصر) nasceu em Alexandria, em 1918 , governou o Egito de 1953 (quando liderou um golpe que derrubou o governo pró-britânico do rei Faruk que não estava preocupado com os destinos do país) até sua morte, em 1970.

Depois de ter frequentado o ensino liceal entrou na Real Academia Militar, na qual se formou em 1938, onde terá reunido os membros da sociedade revolucionária dos oficiais Livres.

A sua sociedade revolucionária planeava mudar o rumo dos acontecimentos. Para tal pretendia afastar o rei Faruk I, aproveitando o insucesso da campanha egípcia contra Israel em 1948. O golpe foi concretizado em 1952 e conduziu a uma radical alteração das políticas governamentais. No ano seguinte 1953 a monarquia foi abolida e os partidos banidos.

Gamal Abdel Nasser com Nikita Khrushchov.
Gamal Abdel Nasser com Nikita Khrushchov.

Notabilizou-se, ao lado de Jawarharlal Nehru e outros, como um dos líderes carismáticos do movimento terceiro-mundista, o que lhe rendeu grande fama em todos os países do dito "Terceiro Mundo" (reza a lenda que o presidente brasileiro Jânio Quadros governava com uma foto do líder egípcio em seu gabinete). Nasser promoveu, durante seus quase vinte anos no poder, forte política nacionalista, fomentando o movimento pan-arabista, e acabou por levar o Egipto a uma efémera associação com a Síria (a República Árabe Unida).

Um marco importante de sua liderança foi a nacionalização do Canal de Suez, que desaguou na Guerra de Suez (1956), em função da resposta militar de França e Inglaterra. As duas potências do século XIX, contudo, viriam a descobrir que o mundo do pós-II Guerra Mundial já não mais lhes pertencia. Sem o apoio norte-americano ou soviético, os exércitos francês e britânico foram obrigados a retirar-se do Egipto.

Moringues (23)

quarta-feira, abril 11

Há cores que são poemas


segunda-feira, abril 9

EDUARDO MONDLANE


Eduardo Chivambo Mondlane (Manjacaze, Gaza 1920 - Dar es Salaam 3 de Fevereiro de 1969) foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a organização que lutou pela independência de Moçambique do domínio colonial português. O dia da sua morte, assassinado por uma encomenda-bomba, é celebrado em Moçambique como o Dia dos Heróis Moçambicanos.

Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou na missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze, terminou os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul e, depois de uma curta passagem pela Universidade de Lisboa, foi ainda financiado pelos suíços fazer os estudos superiores nos Estados Unidos da América, onde se doutorou em sociologia.

Trabalhou para as Nações Unidas, no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos e foi também professor de história e sociologia na Syracuse University, em Nova Iorque. Nessa altura (década de 1950), Mondlane teve contactos com Adriano Moreira, um ministro português que queria recrutá-lo para trabalhar na administração colonial; Mondlane, por seu turno, tentou convencê-lo da necessidade de Portugal seguir o caminho dos restantes países, que estavam a dar independência às suas colónias africanas.

Em 1961, visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com vários nacionalistas, onde se convenceu que as condições estavam criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação. Por essa altura e independentemente, formaram-se três organizações com o mesmo objectivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union, à maneira da KANU do Quénia e de tantas outras) e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente). Estas organizações tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica também diferentes, mas Mondlane tentou uni-las, o que conseguiu, com o apoio do presidente da Tanzania, Julius Nyerere – a FRELIMO foi de facto criada na Tanzania, com base naqueles três movimentos, em 25 de Junho de 1962 e Mondlane foi eleito seu primeiro presidente, com Uria Simango como Vice-Presidente.

Nessa altura, Mondlane já tinha chegado à conclusão que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, mas era necessário desenhar uma estratégia e obter apoios para a levar a cabo, o que Mondlane começou a fazer. Os primeiros guerrilheiros foram treinados na Argélia e, entre eles, contava-se Samora Machel que o substituiria após a sua morte. Os seguintes foram já treinados na Tanzania, onde a FRELIMO organizou ainda uma escola secundária, o Instituto de Moçambique.

A luta armada foi desencadeada em 25 de Setembro de 1964, com o ataque de um pequeno número de guerrilheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado, a cerca de 100 Km da fronteira com a Tanzania. Para além das acções militares, a FRELIMO organizou um sistema de comércio para apoiar as acções de guerrilha e Lázaro Nkavandame, que tinha sido nomeado Secretário Provincial do movimento para aquela província, foi quem organizou esse sistema; mais tarde, verificou-se que ele guardava os lucros para si e seus colaboradores e acabou por desertar, em 1969, pouco depois da morte de Mondlane.

Este não foi o único incidente que ensombrou os primeiros anos da FRELIMO: Mateus Gwengere, um padre católico que tinha aliciado muitos jovens da sua província (Tete) e era professor do Instituto de Moçambique, insurgiu-se contra a política do movimento de enviar a maior parte dos jovens para a luta armada, em vez de os incentivar a continuar os estudos. Em Março de 1968, verificou-se um motim, seguido pelo abandono quase massiço dos estudantes que, mais tarde, se descobriu ter sido despoletado por Gwengere. Em Maio, uma multidão de makondes invadiu os escritórios do movimento e assassinou um dos membros do Comité Central, Mateus Sansão Muthemba – exigiam a independência imediata de Cabo Delgado. Entretanto, Nkavandame tentou forçar a realização de um congresso do movimento na Tanzania, mas o Comité Central decidiu realizá-lo em Matchedje, nas zonas libertadas do Niassa, em Julho de 1968.

Nesse congresso – o II Congresso da FRELIMO -, Mondlane foi reeleito como presidente e Uria Simango como vice-presidente, mas foi ainda criado um conselho executivo, que incluía a presidência e os chefes dos departamentos. O mais importante foi que o congresso reafirmou a política definida de lutar pela “independência total e completa” de Moçambique e não apenas de parte dele.

Infelizmente, Eduardo Mondlane não viu o seu sonho realizado porque, em 3 de Fevereiro de 1969, morreu ao abrir uma encomenda que continha uma bomba. Mais tarde, descobriu-se que a encomenda tinha sido preparada em Lourenço Marques, obviamente pela PIDE, a polícia política portuguesa, mas como chegou ao seu gabinete e porque foi ele a abri-la nunca ficou esclarecido.

Mondlane deixou viúva, Janet Mondlane, que foi a primeira Directora Nacional de Acção Social de Moçambique independente e a primeira presidente do Conselho Nacional contra a SIDA, já nos anos 2000-2004, e três filhos. Mais importante, deixou um livro "Lutar por Moçambique", que só foi publicado alguns meses depois da sua morte, onde detalha como funcionava o sistema colonial em Moçambique e o que seria necessário para desenvolver o país.

quinta-feira, abril 5

FÉRIAS

Regressei.
O Mediterrâneo fez-me mal.
Aquele mar, recordou-me incessantemente, que mais a sul há um outro mar meu conhecido, meu amigo.
De qualquer modo, regressei para junto dos amigos.
Para mais um tempo de aventuras juntos.
Um abraço
GED

Moringues (22)

terça-feira, abril 3

Dom Oscar Romero (1917-1980)


Chama-se mártir em teologia cristã aquele ou aquela que para testemunhar e confessar em toda a sua radicalidade e autenticidade a fé é vítima de morte violenta. Juntamente com esta morte pode sofrer torturas, condenações, constrangimentos de toda sorte. Também são parte do seu martírio.
Mas não foi apenas há quase dois mil anos que o martírio acontecia. Hoje também, perto de nós, continua acontecendo. O contexto é diferente, mas o princípio é o mesmo: confessar a fé até a morte, se preciso for. Há 27 anos, no dia 24 de março, Dom Oscar Romero, bispo de El Salvador, tornou-se mártir.

Era um homem do povo, simples, de profunda sensibilidade para com os sofrimentos de sua gente, de firme perspicácia aliada à coragem de decisão.
N década de 70, a maioria dos países latino-americanos vivia a dura experiência das ditaduras militares. Também em El Salvador era um período de grandes conflitos.
Em 1977, padre Oscar Romero foi nomeado Arcebispo de El Salvador. Ao chegar à capital do país, as correntes eclesiais mais progressistas não ficaram muito satisfeitas. O novo arcebispo tinha fama de conservador. Porém os acontecimentos se precipitariam, dando uma guinada decisiva em sua vida.
Em 1979, o presidente do país foi deposto por golpe militar. A ditadura instalou-se e, pouco a pouco, se acirrou a violência. Reinava o caos político, económico e institucional. De janeiro a março de 1980 foram assassinados 1015 salvadorenhos. Os responsáveis pertenciam às forças de segurança e às organizações conservadoras do regime militar.
Nessa ocasião, dois sacerdotes foram assassinados por defenderem os camponeses que foram pedir abrigo em suas paróquias. Um deles era o jesuíta Rutilio Grande. Diante de seu cadáver, Dom Romero experimentou profunda conversão. Deixou sua posição moderada e, com impressionante coragem, colocou-se sem medo no epicentro do conflito, falando e actuando. Sua intenção não era acirrar os ânimos, mas conscientizar as pessoas, e sobretudo os responsáveis pelo poder, de que a paz só poderia vir pela via da justiça. E que os pobres não podiam ser massacrados pela injustiça e pela violência.

No dia 24 de março de 1980, Dom Romero foi fuzilado enquanto celebrava missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador. Enterrado pelo povo dilacerado pela dor e pela orfandade, seu nome foi incluído na relação dos 1015 salvadorenhos assassinados, em 1980.

Este texto é parte de uma matéria de Maria Clara Lucchetti Bingemer, recebida por mail.

segunda-feira, abril 2

SAMORA MACHEL

Filho de um agricultor relativamente abastado, Mandande Moisés Machel, da aldeia de Madragoa (actualmente Chilembene), Samora entrou na escola primária com 9 anos, quando o governo colonial português entregou a “educação indígena” à Igreja Católica. Quando terminou a escola primária, o jovem de cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiam estudar teologia e Samora decidiu ir tentar a vida em Lourenço Marques. Teve a sorte de encontrar trabalho no principal hospital daquela cidade e, em 1952 começou o curso de enfermagem. Em 1956, foi colocado como enfermeiro na ilha da Inhaca, em frente da cidade de Maputo, onde casou com Sorita Tchaicomo, de quem teve quatro filhos, Joscelina, Edelson, Olívia e Ntewane.
Neto de um guerreiro de Gungunhana, Samora Machel foi educado como nacionalista e, como estudante, foi sempre um “rebelde” e tomou conhecimento dos importantes acontecimentos que se davam no mundo: a formação da República Popular da China, com Mao Tse-Tung, em 1949 a independência do Gana, com Kwame Nkrumah, em 1957, seguida pela de vários outros países africanos. Mas foi o seu encontro com Eduardo Mondlane de visita a Moçambique, em 1961, que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos, que juntamente com a perseguição política de que estava a ser alvo, levou à decisão de Samora de abandonar o país, em 1963 e juntar-se à FRELIMO, na Tanzania. Para lá chegar, teve a sorte de, no Botswana, encontrar Joe Slovo (que, mais tarde, foi Presidente do Partido Comunista Sul-Africano) com um grupo de membros do ANC sul-africano, que ofereceu “boleia” (“carona”) a Samora num avião que tinham fretado.

Moringues (21)

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