Ferrados
Estas figuras representam as marcas com que os escravos angolanos eram ferrados pelos seus donos, como se de animais se tratasse.
Ondulando a bandeira do cristianismo, os portugueses chegaram a Angola em 1483 tendo, na verdade, como finalidade o agenciamento de milhões de escravos para as Américas.
Após o estabelecimento dos portugueses na costa de Luanda, o comércio de escravos e de marfim tornou-se a sua principal actividade, começando para o efeito as campanhas militares para o interior de modo a capturar e vender africanos.
Os horrores da escravatura deixaram marcas indeléveis em Angola. Durante mais de 300 anos, cerca de 4 milhões de escravos angolanos foram enviados para as plantações do Brasil e para as minas do México. 30% de todos os escravos iam de Angola. De todos os capturados no interior de Angola, só um quarto chegava vivo ao outro lado do Atlântico. Em três séculos de comércio esclavagista em Angola, estima-se que 12 milhões morreram.
O comércio de escravos teve um papel muito importante na história de Angola, e entre o séc. XV e o séc. XIX, os africanos eram trocados por armas, pólvora, álcool, e outros artefactos.
A partir de dois portos chave, Luanda e Benguela, o comércio esclavagista floresceu. Em Benguela, ficaram famosos os "quintalões", onde os escravos eram mantidos presos.
(Quintalões em Benguela)
No séc. XVI, Luanda tornou-se o centro da presença portuguesa em Angola. Ligada directamente ao comércio de escravos levados para o Brasil, transformou-se no final da viagem das "caravanas" de escravos vindas do interior. Vários edifícios são ainda a memória desse tempo: o porto, fortes, igrejas e capelas, mercados, quintalões, mas também os lugares de resistência e refúgio, de pessoas que se tinham tornado mercadoria para os europeus, vendidas no Terreiro Público.
No séc. XIX, D. Ana Joaquina torna-se a maior comerciante de escravos de Angola, a par de outros negócios.
(Palacete de D. Ana Joaquina, Luanda)
Já a Igreja desempenhou também um importante papel na "cristianização" dos escravos, que tinham de ser baptisados antes de serem levados para os navios negreiros como carga, passando a simbolizar a opressão e a oposição às religiões e práticas animistas africanas e mantendo-se como um testemunho da violência da escravatura.
A partir de 1840, os colonos brancos avançam para o interior, depois de fortes rumores acerca das riquezas fabulosas de minerais e também da terra fértil para a agricultura. Para assegurar a terra, Portugal então envia forças expedicionárias, que se prolongam por cerca de 100 anos. Inicialmente, houve forte resistência dos habitantes locais, que para o final sucumbiram à força de fogo dos invasores. O resto da história, alguns de nós presenciámo-la...
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