Publicidade - há limites para a criatividade?
Hoje, ao ler o jornal, uma chamada de atenção para uma campanha publicitária de Dolce & Gabbana em Espanha, cujo anúncio os estilistas decidiram retirar do mercado, depois da polémica desencadeada pela foto aqui ao lado e de veementes críticas do Instituto de la Mujer.
A campanha manter-se-à, no entanto, nos outros países, tendo os estilistas advertido que o próximo anúncio mostraria uma mulher nua em cima de um homem!
Na sua argumentação, acrescentam: "O que tem a ver uma fotografia artística com o mundo real? Então queimar-se-iam museus como o Louvre e todas as pinturas de Caravaggio!"
Esta não é a primeira vez que a dupla é alvo da crítica em relação às suas campanhas publicitárias, campanhas normalmente com apelos a temas fortes.
Já no ano passado, a associação que regula a publicidade na Inglaterra (Advertising Standards Authority) criticou a marca italiana por causa de uma campanha publicitária que mostrava modelos que ostentavam facas, tendo referenciado mais de 150 reclamações de pessoas preocupadas com o facto de as fotos estilizadas fazerem a apologia da violência.
Um dos dois anúncios apareceu no jornal "The Times" (foto ao lado). O anúncio foi publicado em outubro passado, tendo aparecido numa página em que havia um artigo sobre crimes com facas.
A marca argumentou, na altura, que os anúncios eram bastante estilizados e tinham a intenção de imitar a arte do início do século 19, tendo sido criados para evocar o período napoleónico, enfatizando os efeitos teatrais do género.
Questiono-me frequentemente sobre o tipo de linguagem visual a que as marcas apelam para vender. Se observar os anúncios unicamente sob o ponto de vista da arte, diria que são belíssimas fotografias. No entanto, acho que até podem chocar uma grande parte das pessoas, ferindo susceptibilidades ou provocando rejeição.
Mas dever-se-à impor limites à liberdade de criação? Fica a questão a que não sei responder.
2 comentários:
Excelente post com uma questão final que várias vezes me coloco a mim própria, apesar de lidar com as linguagens artísticas de perto. de facto a liberdade criativa não pode, a meu ver, ser limitada.
No entanto a arte é apreciada em foruns próprios. Só vai quem quer.
Já a publicidade... é-nos impingida. talvez aí devesse haver mais "cuidado" atendendo aos valores morais (aindahá?)ou ás faixas etárias baixas, por exemplo.
Mana Phwo!
Boa reflaxão...
Estava aqui com vontade de ser irreverente, mas depois de ler o teu leve comentário, centrei-me e recentrei-me. Já nada quero acrescentar, excepto dar sinal que li o teu comentário, ao acutilante post da Ana. Abraço concordante.
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