Dia Internacional da Mulher (1)
Comemora-se daqui a três dias, dia 8, o Dia Internacional da Mulher.
Quando, no começo do Séc. XXI, ainda existe a necessidade de se continuar a atribuir um dia específico para recordar a importância que a mulher tem na sociedade e na vida, é sinal que ela continua a ser discriminada, ocupando um lugar subalterno numa sociedade machista e patriarcal. É sinal que ela continua a ser uma vítima.
A subordinação da mulher ao poder masculino, sobretudo no Médio Oriente, no Sul da Ásia, em alguns países africanos, e na América Latina, onde ela é propriedade do homem e qualquer desvio a este padrão - casamentos impostos, forçados - é considerado como crime contra a honra e a desonra é paga com a morte, normalmente por apedrejamento. Mais de 5.000 mulheres por ano morrem por esta causa.
Mais de 150 milhões de mulheres são vítimas de mutilação genital (ver este post), não se vislumbrando que esse número possa deixar de crescer.
Como será a vida das mulheres violadas em cenário de guerra? O que representam as crianças geradas dessa forma? As recentes guerras nos Balcãs são retrato desta situação, o mesmo acontecendo no Médio Oriente.
Tantas vezes aliciadas por uma vida melhor, continuam a ser exploradas, quais escravas modernas, na prestação de serviço doméstico não remunerado, no trabalho forçado... quantas vezes raptadas, levadas à prostituição, no carrossel do tráfico humano.
Vítimas também da violência doméstica. Numa relação de poder sempre desigual, em que as decisões são na maioria das vezes tomadas pelo homem, a mulher é o elo mais fraco. Batidas, psicologicamente violentadas, ainda têm medo e vergonha de se queixar, e a sociedade não cuida para as proteger. Os crimes contra a pessoa não deixam de aumentar.
Apesar de serem maioria no globo, estão entre os mais pobres. Discriminadas no trabalho, em que a maternidade é a primeira razão para a não obtenção de emprego, para a não renovação de contratos, para a não progressão nas suas carreiras. Assiste-se a uma feminização da pobreza, em que a mulher normalmente ganha menos que o homem para tarefa igual, mesmo em países de tradição mais progressista, como é o caso da Suécia.
Mesmo no que diz respeito ao seu poder de decisão, no que concerne à sua vida sexual e reprodutiva, existe um défice. O exemplo português, em que somente agora se procederá à legislação de despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, é flagrante. Mas continuarão a morrer vítimas de aborto clandestino cerca de 80.000 mulheres por ano no mundo.
Este é o retrato negro da condição da mulher. Triste.
Tal como todos os outros dias que existem para lembrar todas as causas que deviam ser uma preocupação quotidiana: o dia da floresta, do livro, da luta contra a homofobia, dos direitos humanos, da criança, da paz, dos refugiados, do ambiente, da água, das vítimas de tortura, do idoso, da erradicação da pobreza, da tolerância...
Em tempo: Veja aqui alguns números assustadores.
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