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segunda-feira, maio 7

Política da Língua Portuguesa em discussão

Aguiar e Silva, professor catedrático aposentado e ex-vice reitor da Universidade do Minho, que se notabilizou no ensino da literatura portuguesa, mas que o grande público sempre identificará como autor da Teoria da Literatura (1967, com sucessivas actualizações e inúmeras traduções), alertou no sábado, dia 5, os participantes no Colóquio "A Política da Língua Portuguesa", promovido pelo Centro de Estudos Lusíadas da Universidade do Minho, para o abandono a que encontra votada a política internacional da língua portuguesa.
Na conferência de abertura do referido Colóquio, o Professor Vítor Aguiar e Silva defendeu a adopção com urgência de uma política de publicação de gramáticas e dicionários a preços acessíveis e a "harmonização de divergências" linguísticas, à semelhança do que os nossos vizinhos espanhóis têm vindo a fazer no seio da comunidade hispânica.
Segundo este antigo docente, Portugal deveria tomar a iniciativa de, em conjunto com o Brasil - o país com mais peso na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) -, criar, em consonância com os outros países de expressão portuguesa, mecanismos que coloquem a língua portuguesa no centro das atenções da referida Comunidade.
A dotação dos meios indispensáveis, jurídicos e financeiros, para a efectivação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, criado em 1989, em São Luís do Maranhão, deveria transformar-se em prioridade, principalmente no que concerne às terminologias científicas e técnicas dos vários países.
Ainda no que se refere ao tão apregoado "Acordo Ortográfico", Aguiar e Silva é de opinião que este só trará benefícios marginais, no quadro da política internacional da língua, acrescentando que "os custos nos sistemas escolares e no mundo da edição podem ser pesadíssimos".
Considerou ainda que é imperioso que o Ministério da Cultura entre em negociações com grandes editoras portuguesas e brasileiras para a publicação de uma biblioteca básica, onde figurem os autores clássicos dos países da CPLP; que o Instituto Camões seja dotado de um orçamento condigno, à semelhança Instituto Cervantes, espanhol.

Nota pessoal: Sendo a prática continuada da leitura um elemento importante no desenvolvimento das gerações jovens, torna-se imperativo um apoio mais efectivo à edição e publicação de livros a preços mais acessíveis e que as bibliotecas se transformem cada vez mais em locais que cativem o público.

3 comentários:

Anónimo disse...

Odeio essa palavra: "lusofonia". Me dá nojo.

ana b. disse...

Mário de Andrade, com toda a certeza, não diria que a língua portuguesa "lhe dava nojo"! Apesar de ele falar em língua brasileira, dizia-o baseado na necessidade de afirmação da língua como factor de identidade nacional e cultural e de independência, e inscrito num movimento estético-literário (Modernismo).
No post não está implícita qualquer referência ao conceito "lusofonia", como normalmente é entendido. Fala-se de "política internacional da língua portuguesa", que deveria ter como objectivo a divulgação de uma língua que é comum a muitos milhões de pessoas.

Anónimo disse...

Há gente que nasceu para odiar.
Odeiam palavras, conceitos e ideias.
A mim sempre me soou bem a palavra Lusofonia.
Faz-me lembrar sons de vários cantos do mundo, numa batucada que ecoa pelo rio Douro e faz eco em Quelimane, e recebe um abraço quente da velha Luanda, e segue em linha recta sobrevoando o atlântico em direcção ao Pão de Açúcar.
Até me apetece ser guineense de Bafatá, e estar em St. Tomé a ouvir a Cesária Évora.
Kandandus

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