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terça-feira, abril 3

Dom Oscar Romero (1917-1980)


Chama-se mártir em teologia cristã aquele ou aquela que para testemunhar e confessar em toda a sua radicalidade e autenticidade a fé é vítima de morte violenta. Juntamente com esta morte pode sofrer torturas, condenações, constrangimentos de toda sorte. Também são parte do seu martírio.
Mas não foi apenas há quase dois mil anos que o martírio acontecia. Hoje também, perto de nós, continua acontecendo. O contexto é diferente, mas o princípio é o mesmo: confessar a fé até a morte, se preciso for. Há 27 anos, no dia 24 de março, Dom Oscar Romero, bispo de El Salvador, tornou-se mártir.

Era um homem do povo, simples, de profunda sensibilidade para com os sofrimentos de sua gente, de firme perspicácia aliada à coragem de decisão.
N década de 70, a maioria dos países latino-americanos vivia a dura experiência das ditaduras militares. Também em El Salvador era um período de grandes conflitos.
Em 1977, padre Oscar Romero foi nomeado Arcebispo de El Salvador. Ao chegar à capital do país, as correntes eclesiais mais progressistas não ficaram muito satisfeitas. O novo arcebispo tinha fama de conservador. Porém os acontecimentos se precipitariam, dando uma guinada decisiva em sua vida.
Em 1979, o presidente do país foi deposto por golpe militar. A ditadura instalou-se e, pouco a pouco, se acirrou a violência. Reinava o caos político, económico e institucional. De janeiro a março de 1980 foram assassinados 1015 salvadorenhos. Os responsáveis pertenciam às forças de segurança e às organizações conservadoras do regime militar.
Nessa ocasião, dois sacerdotes foram assassinados por defenderem os camponeses que foram pedir abrigo em suas paróquias. Um deles era o jesuíta Rutilio Grande. Diante de seu cadáver, Dom Romero experimentou profunda conversão. Deixou sua posição moderada e, com impressionante coragem, colocou-se sem medo no epicentro do conflito, falando e actuando. Sua intenção não era acirrar os ânimos, mas conscientizar as pessoas, e sobretudo os responsáveis pelo poder, de que a paz só poderia vir pela via da justiça. E que os pobres não podiam ser massacrados pela injustiça e pela violência.

No dia 24 de março de 1980, Dom Romero foi fuzilado enquanto celebrava missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador. Enterrado pelo povo dilacerado pela dor e pela orfandade, seu nome foi incluído na relação dos 1015 salvadorenhos assassinados, em 1980.

Este texto é parte de uma matéria de Maria Clara Lucchetti Bingemer, recebida por mail.

2 comentários:

Anónimo disse...

essa História, tem algo semelhante com a de Jesus cristo. Quando joão batista morreu. foi ai que a grande missão de jesus veio se manifestar com mais intensidade.

Marcos disse...

Dom Romero foi e é um exemplo de Apóstolo que configurou-se de forma inquestionável AO MISTÉRIO DA CRUZ DE CRISTO..,Assisti o filme que rela ta sua vida pastoral e, confesso..,Passei a dimirá-lo profundamente.Ele de fato assumiu a função do Bom Pastor, que é capaz de dar a vida por suas ovelhas. É UM EXEMPLO MEMORÁVEL DE FÉ E DOAÇAÕ AO REINO DE DEUS.

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